quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Peruano põe goleada argentina em 1978 sob nova suspeita.

O depoimento de um ex-senador peruano à Justiça levantou novas suspeitas de que a goleada da Argentina sobre o Peru, por 6 a 0, na Copa-1978 foi arranjada. O placar tirou a seleção brasileira da final daquele Mundial.

Genaro Ledesma Izquieta disse que a partida de futebol estava ligada a um acordo político costurado pelas ditaduras de Argentina e Peru e fez parte da Operação Condor, plano de cooperação entre regimes militares sul-americanos para eliminar opositores.

Segundo o jornal espanhol "El País", o ex-senador declarou à Justiça que o ex-ditador argentino Jorge Videla (1976-1981) recebeu 13 opositores do então ditador peruano Francisco Morales Bermúdez (1975-1980) como "prisioneiros de guerra" na Argentina.

Em troca, exigiu que sua seleção vencesse os peruanos na Copa do Mundo de 1978. O Mundial, jogado na Argentina e vencido pelo país-sede, foi usado como instrumento de promoção da ditadura.

Antes do início do evento, organizações de direitos humanos fizeram campanha contra a Copa e pressionaram para que ela não ocorresse.

Em 25 de maio de 1978, Izquieta e mais 12 opositores foram transportados em avião militar para Jujuy, no norte da Argentina, onde chegaram sem documentos ou dinheiro. Foram encaminhados para Buenos Aires, onde ficaram em prisões clandestinas.

Segundo Izquieta, as famílias dos presos peruanos acionaram organizações de direitos humanos, que pressionaram a Argentina a libertá-los. A França pagou as passagens para tirá-los de Buenos Aires.

"Ao ir para a França, nos salvamos do que Morales Bermúdez e Videla tinham combinado: o arremesso das pessoas ao mar durante um voo, para que não ficasse nenhum vestígio", disse Izquieta, referindo-se aos "voos da morte" usados pela ditadura para eliminar dissidentes.

Em 21 de junho, quase um mês após o sequestro dos 13 opositores e antes da libertação deles, a Argentina goleou o Peru por 6 a 0 e se classificou para a final da Copa.

Após o fim do regime de Morales Bermúdez, alguns dos 13 opositores, como Izquieta, voltaram para o Peru.

O ex-senador deu as declarações sobre a relação entre a goleada na Copa do Mundo e a Operação Condor a representantes do juiz argentino Norberto Oyarbide, que, na semana passada, pediu a prisão de Morales Bermúdez por sequestro e tortura.

Até então, as investigações apontavam as ditaduras de Chile, Bolívia, Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina, mas não do Peru, como membros da Operação Condor.

O ex-ditador peruano Morales Bermúdez, hoje com 90 anos, nega que tenha feito parte da Operação Condor e afirmou que não deve prestar contas à Justiça argentina.

Em resposta, Izquieta e outro dos prisioneiros de 1978, o ex-parlamentar Ricardo Letts, disseram que também vão acionar a Justiça peruana.
Folha

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