quinta-feira, 29 de março de 2012

Candidatura de Wilma pode ser fundamental para manter comando do PSB.

Eu sou do grupo que duvida da candidatura de Wilma de Faria à Prefeitura de Natal por causa de dois motivos: a condição de ré na Operação Sinal Fechado e o desejo dela de disputar o Senado na eleição estadual.

Mas Wilma sofre pressão de todos os lados para concorrer à sucessão da prefeita Micarla de Sousa. Da família, de amigos, de auxiliares e de gente do marketing que não tem muito o que fazer hoje.

A maior delas, sem dúvida, é a sina do político sem mandato. Theodorico Bezerra, o majó da política potiguar, costumava dizer: político sem mandato não é nada, meu filho.

Wilma precisa urgentemente de um mandato para chamar de seu. Desde a derrota para o Senado ela está ameaçada de perder o comando estadual do PSB para o grupo da deputada Sandra Rosado, líder do partido na Câmara dos Deputados. Isto é fato.

Seu poder de influência na legenda vem diminuindo ao longo do tempo. Hoje, Wilma de Faria não dá as cartas sozinhas. Antes da última eleição, ela dominava todo diretório estadual. Agora a representação partidária é dividida numa tríade: ela, Iberê Ferreira e Sandra Rosado.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, não morre de amores por Wilma de Faria. Segundo relatos de quem priva da intimidade do pernambucano, Campos sempre a considerou uma pessoa arrogante e ingrata.

Me contaram a seguinte história: Wilma ficou sem mandato em 92 e Miguel Arraes, então governador de Pernambuco, lhe deu emprego no governo e prestígio no partido. Tempos depois, em 2005, o neto de Arraes, Eduardo Campos, precisou de boa delega ção de filiados do RN para colaborar na ascensão à presidência nacional da legenda. Wilma de Faria, então governadora, mandou apenas dois delegados. Dois míseros delegados. O gesto de menosprezo nunca foi digerido por Campos.

Isso ficou evidente na indicação de Wilma de Faria para ocupar um cargo relevante na administração da presidenta Dilma Rousseff. Eduardo Campos não moveu uma palha para garantir a nomeação de Wilma. Pelo contrário, o presidente nacional do PSB condicionou a nomeação dela a outro cargo para Iberê Ferreira. Se Dilma tivesse de nomear Wilma teria de atender Iberê. Não saiu nem para um, nem para outro.

Além disto, cresce o prestígio de Sandra Rosado na cúpula nacional do PSB. Líder do partido na Câmara dos Deputados, reconduzida para mais um mandato, a deputada federal goza da amizade da mãe de Eduardo, Ana Arraes, ex-deputada e agora ministra do Tribunal de Contas da União.

Eduardo Campos elegeu Mossoró como uma das prioridades do PSB nas eleições municipais deste ano, ao lado de cidades como João Pessoa (PB), Macapá (AP), Campinas (SP) e Duque de Caxias (RJ). Natal não tem sido lembrada.

Se Larissa Rosado conseguir se eleger em Mossoró, provavelmente, o grupo de Sandra Rosado se fortalece e pode assumir o comando do PSB no Rio Grande do Norte.

Este cenário coloca um pouco mais de pressão na decisão de Wilma de Faria sobre a candidatura em Natal. Sem mandato e sem perspectiva de poder, Wilma corre sério risco de cair no ostracismo político e, consequentemente, perder o comando do partido que ajudou a construir.
Diógenes Dantas

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