O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte falou com exclusividade ao nosso blog. Flávio Azevedo discorreu sobre refinaria, portos, aeroporto de São Gonçalo, desenvolvimento da região do seridó, ZPE e um pouco de política. Como de costume a análise foi pautada pela maturidade e conhecimento de causa, marca que Flávio imprime no comando da Fiern.
Desde já o agradecimento a esse seridoense que é destaque não só no Estado do Rio Grande do Norte como em todo país.
Eliel – A Petrobras está construindo uma refinaria em Pernambuco. Afirmaram que o Rio Grande do Norte não tinha infra-estrutura para recebê-la aqui. O Rio Grande do Norte continua a não ter infra-estrutura para receber um investimento de grande porte?
FLÁVIO AZEVEDO - A melhoria de nossa infraestrutura é um desafio que não pode ser negligenciado. Na verdade, trata-se de um desafio nacional. Se o país não conseguir melhorar e ampliar as estradas, ferrovias, terminais portuários e aeroportuários, além da capacidade para fornecimento de energia, não haverá as condições essenciais para que possamos crescer a taxas ainda maiores do que as atuais. Mas, precisamos admitir, alguns estados avançaram mais do que o Rio Grande do Norte.
Nosso Estado ainda não conta com terminais portuários como os têm Pernambuco e Ceará, para citar um exemplo. No entanto, precisamos também reconhecer que há obras em andamento que vão propiciar um salto em relação à situação atual. Basta lembra a duplicação da BR 101, a construção do terminal intermodal do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante. A própria refinaria Clara Camarão, em Guamaré, que não é do porte que sonhávamos, mas vai tornar o RN auto-suficientes em Petróleo. Claro, algumas dessas obras, como a da BR 101 e a do aeroporto, não estão no ritmo que gostaríamos. Mesmo assim, estão em andamento e, quando concluídas, vão criar novas oportunidades de crescimento para o nosso Estado.
Eliel – Com relação aos portos do Rio Grande do Norte - outro instrumento para o desenvolvimento do Estado - como se encontram hoje e o que seria necessário para tornarem-se eficazes e vetores de desenvolvimento?
FLÁVIO AZEVEDO - Os terminais portuários que temos — o porto da Natal e o porto Ilha de Areia Branca — estão muito aquém do que precisamos. Muitas empresas têm que recorrer aos terminais de Suape, Pecem e Cabedelo para que possam escoar a produção. Se formos considerar as condições das nossas estradas, é fácil deduzir que esse transporte para portos de outros estados implica em custos adicionais, que poderiam ser evitados se o porto de Natal tivesse condições melhores para receber navios de maior porte. Mas, pelo que foi divulgado na imprensa local, tanto o porto de Natal, como o de Areia Branca vão passar por obras de melhorias e ampliações. No caso do porto de Natal, há perspectiva de ser executada a dragagem do Rio Potengi para permitir que navios de maior calado possam atracar no terminal. Além disso, há projetos também para dotar o porto de um terminal de passageiros, uma importante iniciativa para as atividades turísticas do Rio Grande do Norte.
Com relação ao Porto Ilha de Areia Branca, que também está aquém das necessidades do setor salineiro, a Codern, companhia responsável pela gestão dos terminais portuários no Rio Grande do Norte, anunciou que haverá obras de ampliação e adequação para aumentar a capacidade de armazenamento no terminal de cargas e a velocidade de abastecimento dos navios. Enfim, executados todos esses projetos, teremos melhorias. Ainda não serão, mais uma vez precisamos ressaltar, os terminais portuários ideais para alavancar o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Mas, com essas melhorias e o aeroporto de São Gonçalo, nossa infraestrutura melhora substancialmente.
Eliel - Com relação ao aeroporto de São Gonçalo, quais os benefícios que ele pode trazer para o Estado?
FLÁVIO AZEVEDO - O aeroporto de São Gonçalo do Amarante vai significar um potencial de desenvolvimento de tal ordem que é até difícil de dimensionar. Inicialmente, devemos lembrar que o novo aeroporto não foi planejado para atender as demandas exclusivas do Rio Grande do Norte.
Ele foi planejado para ser um terminal referência na aviação civil internacional. Teremos, assim, na região da Grande Natal, o maior terminal aeroportuário da América Latina. Isso mudará a realidade econômica e social do Estado. Esse complexo aeroportuário vai demandar inúmeros produtos e serviços. Também vai criar diversas oportunidades de trabalho, seja no próprio terminal e nas companhias aéreas, seja nas empresas que vão se instalar nas proximidades para abastecer o aeroporto com produtos e serviços. É preciso lembrar também que o novo aeroporto exige a construção de novas rodovias na Grande Natal. Alem desses aspectos, não podemos esquecer que será uma nova “porta de saída” para os produtos locais, isso sem falar nas oportunidades de intercâmbio comercial e empresarial. Enfim, serão novas e amplas oportunidades.
Mas temos que nos preparar para aproveitarmos da melhor forma possível essas oportunidades. A mão-de-obra deve estar capacitada assim como as empresas que pretendem aproveitar as chances de negócios que deverão ser criadas. Aqui, cabe lembrar também que as obras do aeroporto não estão no ritmo que desejávamos. Mas, depois de tanto tempo de espera, o Ministério da Defesa enviou à Casa Civil da Presidência da República um estudo sobre o modelo de concessão mais adequado para a construção do terminal. Esperamos que o projeto deslanche e saia finalmente a licitação pública para a escolha da empresa que ficará responsável pela continuidade das obras e operação do aeroporto.
Eliel – Flávio, com relação à ZPE, em que grau se encontra esse “processo”?
FLÁVIO AZEVEDO - Estão previstas duas Zonas de Processamento de Exportação para o Rio Grande do Norte, uma em Macaíba e outra na região do Vale do Açu, que já vem sendo denominada ZPE do Sertão. A de Macaíba espera a aprovação no Conselho Nacional das ZPEs e posterior sanção presidencial. Assim, estaria oficializada. Mais uma vez trata-se de um projeto que não está no ritmo que o nosso Estado precisa.
O estudo para a implantação da área no município de Macaíba é o mais antigo entre os levantamentos feitos sobre a viabilização de uma ZPE em solo brasileiro. A FIERN, inclusive, colaborou com estudos de viabilidade. Houve, depois, dificuldades com o terreno, porque a área apontada como a ideal, que pertencia ao município, não estava disponível no momento em que a decisão para implementar a ZPE ficou mais amadurecida. Mas isso está superado. Já foi encontrado outro terreno e podemos dar andamento ao projeto. Ainda é necessária essa aprovação pelo Conselho.
A Zona de Processamento de Exportação do Vale do Assu está em um estágio um pouco mais avançado, pois foi aprovada no Conselho Nacional das ZPEs. Precisa agora da sanção do presidente da República. Precisamos ficar atentos para fazermos as gestões que a um solução rápida dessas questões que são basicamente burocráticas.
Eliel – A classe empresarial reclama que os impostos são um dos obstáculos ao crescimento dos negócios no país. A reforma tributária resolveria esse problema?
FLÁVIO AZEVEDO - Que a carga tributária é excessiva no Brasil, todos sabemos. E, nos últimos anos, vem aumentando em relação ao Produto Interno Bruto ao ponto de ter ficado, em 2009, próxima de 35% do PIB. Qualquer empreendedor sabe os desafios que o sistema tributário nacional impõe, não só pelas alíquotas excessiva, mas pela complexidade de tantas taxas, contribuições e impostos cobrados. Claro que o sistema tributário precisa de uma reforma. O difícil é a câmara dos Deputados e o Senado chegar a um acordo político para esse reforma, porque isso envolve até mesmo o que se convencionou chamar de “pacto federativo”.
Eliel – Flávio, falando especificamente para a região do Sérido, como ela se apresenta hoje em termos de desenvolvimento e o que ela deve buscar para crescer?
FLÁVIO AZEVEDO - Sabemos que a região do Seridó tem vocação para o desenvolvimento. Mesmo sem contar com a infraestrutura adequada, a iniciativa do seu povo e dos seus empreendedores proporcionam a circulação de riquezas e geração de emprego e renda. Há pecuária, confecção, mineração... Enfim, diversos setores que se sobressaem. É importante impulsionar a vocação demonstrada nesses setores. Podemos citar o exemplo da bonelaria, na qual instituições do Sistema Indústria desenvolvem uma APL (Arranjo Produtivo Local) para identificar e ajudar no desenvolvimento pleno do potencial do setor. É preciso ficar atento também para a capacitação da mão-de-obra da região, porque sem trabalhadores e empresários bem preparados, não é possível alcançar o desenvolvimento almejado.
Eliel - Comentou-se no meio político que o senhor poderia ser suplente da candidata ao Senado, Wilma de Faria. Há essa possibilidade? O cidadão Flávio Azevedo postula ingressar na política?
FLÁVIO AZEVEDO - Tenho filiação partidária, o que me deixa apto a integrar uma chapa para disputa eleitoral. Todavia, as decisões sobre formação das chapas e coligações serão tomadas pelos partidos e candidatos lançados ao Governo e ao Senado no devido tempo, respeitando os prazos definidos pelo calendário da Justiça Eleitoral. Não seria adequado neste momento, nem respeitoso com os dirigentes dos partidos, dar declarações peremptórias.
Desde já o agradecimento a esse seridoense que é destaque não só no Estado do Rio Grande do Norte como em todo país.
Eliel – A Petrobras está construindo uma refinaria em Pernambuco. Afirmaram que o Rio Grande do Norte não tinha infra-estrutura para recebê-la aqui. O Rio Grande do Norte continua a não ter infra-estrutura para receber um investimento de grande porte?
FLÁVIO AZEVEDO - A melhoria de nossa infraestrutura é um desafio que não pode ser negligenciado. Na verdade, trata-se de um desafio nacional. Se o país não conseguir melhorar e ampliar as estradas, ferrovias, terminais portuários e aeroportuários, além da capacidade para fornecimento de energia, não haverá as condições essenciais para que possamos crescer a taxas ainda maiores do que as atuais. Mas, precisamos admitir, alguns estados avançaram mais do que o Rio Grande do Norte.
Nosso Estado ainda não conta com terminais portuários como os têm Pernambuco e Ceará, para citar um exemplo. No entanto, precisamos também reconhecer que há obras em andamento que vão propiciar um salto em relação à situação atual. Basta lembra a duplicação da BR 101, a construção do terminal intermodal do aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante. A própria refinaria Clara Camarão, em Guamaré, que não é do porte que sonhávamos, mas vai tornar o RN auto-suficientes em Petróleo. Claro, algumas dessas obras, como a da BR 101 e a do aeroporto, não estão no ritmo que gostaríamos. Mesmo assim, estão em andamento e, quando concluídas, vão criar novas oportunidades de crescimento para o nosso Estado.
Eliel – Com relação aos portos do Rio Grande do Norte - outro instrumento para o desenvolvimento do Estado - como se encontram hoje e o que seria necessário para tornarem-se eficazes e vetores de desenvolvimento?
FLÁVIO AZEVEDO - Os terminais portuários que temos — o porto da Natal e o porto Ilha de Areia Branca — estão muito aquém do que precisamos. Muitas empresas têm que recorrer aos terminais de Suape, Pecem e Cabedelo para que possam escoar a produção. Se formos considerar as condições das nossas estradas, é fácil deduzir que esse transporte para portos de outros estados implica em custos adicionais, que poderiam ser evitados se o porto de Natal tivesse condições melhores para receber navios de maior porte. Mas, pelo que foi divulgado na imprensa local, tanto o porto de Natal, como o de Areia Branca vão passar por obras de melhorias e ampliações. No caso do porto de Natal, há perspectiva de ser executada a dragagem do Rio Potengi para permitir que navios de maior calado possam atracar no terminal. Além disso, há projetos também para dotar o porto de um terminal de passageiros, uma importante iniciativa para as atividades turísticas do Rio Grande do Norte.
Com relação ao Porto Ilha de Areia Branca, que também está aquém das necessidades do setor salineiro, a Codern, companhia responsável pela gestão dos terminais portuários no Rio Grande do Norte, anunciou que haverá obras de ampliação e adequação para aumentar a capacidade de armazenamento no terminal de cargas e a velocidade de abastecimento dos navios. Enfim, executados todos esses projetos, teremos melhorias. Ainda não serão, mais uma vez precisamos ressaltar, os terminais portuários ideais para alavancar o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Mas, com essas melhorias e o aeroporto de São Gonçalo, nossa infraestrutura melhora substancialmente.
Eliel - Com relação ao aeroporto de São Gonçalo, quais os benefícios que ele pode trazer para o Estado?
FLÁVIO AZEVEDO - O aeroporto de São Gonçalo do Amarante vai significar um potencial de desenvolvimento de tal ordem que é até difícil de dimensionar. Inicialmente, devemos lembrar que o novo aeroporto não foi planejado para atender as demandas exclusivas do Rio Grande do Norte.
Ele foi planejado para ser um terminal referência na aviação civil internacional. Teremos, assim, na região da Grande Natal, o maior terminal aeroportuário da América Latina. Isso mudará a realidade econômica e social do Estado. Esse complexo aeroportuário vai demandar inúmeros produtos e serviços. Também vai criar diversas oportunidades de trabalho, seja no próprio terminal e nas companhias aéreas, seja nas empresas que vão se instalar nas proximidades para abastecer o aeroporto com produtos e serviços. É preciso lembrar também que o novo aeroporto exige a construção de novas rodovias na Grande Natal. Alem desses aspectos, não podemos esquecer que será uma nova “porta de saída” para os produtos locais, isso sem falar nas oportunidades de intercâmbio comercial e empresarial. Enfim, serão novas e amplas oportunidades.
Mas temos que nos preparar para aproveitarmos da melhor forma possível essas oportunidades. A mão-de-obra deve estar capacitada assim como as empresas que pretendem aproveitar as chances de negócios que deverão ser criadas. Aqui, cabe lembrar também que as obras do aeroporto não estão no ritmo que desejávamos. Mas, depois de tanto tempo de espera, o Ministério da Defesa enviou à Casa Civil da Presidência da República um estudo sobre o modelo de concessão mais adequado para a construção do terminal. Esperamos que o projeto deslanche e saia finalmente a licitação pública para a escolha da empresa que ficará responsável pela continuidade das obras e operação do aeroporto.
Eliel – Flávio, com relação à ZPE, em que grau se encontra esse “processo”?
FLÁVIO AZEVEDO - Estão previstas duas Zonas de Processamento de Exportação para o Rio Grande do Norte, uma em Macaíba e outra na região do Vale do Açu, que já vem sendo denominada ZPE do Sertão. A de Macaíba espera a aprovação no Conselho Nacional das ZPEs e posterior sanção presidencial. Assim, estaria oficializada. Mais uma vez trata-se de um projeto que não está no ritmo que o nosso Estado precisa.
O estudo para a implantação da área no município de Macaíba é o mais antigo entre os levantamentos feitos sobre a viabilização de uma ZPE em solo brasileiro. A FIERN, inclusive, colaborou com estudos de viabilidade. Houve, depois, dificuldades com o terreno, porque a área apontada como a ideal, que pertencia ao município, não estava disponível no momento em que a decisão para implementar a ZPE ficou mais amadurecida. Mas isso está superado. Já foi encontrado outro terreno e podemos dar andamento ao projeto. Ainda é necessária essa aprovação pelo Conselho.
A Zona de Processamento de Exportação do Vale do Assu está em um estágio um pouco mais avançado, pois foi aprovada no Conselho Nacional das ZPEs. Precisa agora da sanção do presidente da República. Precisamos ficar atentos para fazermos as gestões que a um solução rápida dessas questões que são basicamente burocráticas.
Eliel – A classe empresarial reclama que os impostos são um dos obstáculos ao crescimento dos negócios no país. A reforma tributária resolveria esse problema?
FLÁVIO AZEVEDO - Que a carga tributária é excessiva no Brasil, todos sabemos. E, nos últimos anos, vem aumentando em relação ao Produto Interno Bruto ao ponto de ter ficado, em 2009, próxima de 35% do PIB. Qualquer empreendedor sabe os desafios que o sistema tributário nacional impõe, não só pelas alíquotas excessiva, mas pela complexidade de tantas taxas, contribuições e impostos cobrados. Claro que o sistema tributário precisa de uma reforma. O difícil é a câmara dos Deputados e o Senado chegar a um acordo político para esse reforma, porque isso envolve até mesmo o que se convencionou chamar de “pacto federativo”.
Eliel – Flávio, falando especificamente para a região do Sérido, como ela se apresenta hoje em termos de desenvolvimento e o que ela deve buscar para crescer?
FLÁVIO AZEVEDO - Sabemos que a região do Seridó tem vocação para o desenvolvimento. Mesmo sem contar com a infraestrutura adequada, a iniciativa do seu povo e dos seus empreendedores proporcionam a circulação de riquezas e geração de emprego e renda. Há pecuária, confecção, mineração... Enfim, diversos setores que se sobressaem. É importante impulsionar a vocação demonstrada nesses setores. Podemos citar o exemplo da bonelaria, na qual instituições do Sistema Indústria desenvolvem uma APL (Arranjo Produtivo Local) para identificar e ajudar no desenvolvimento pleno do potencial do setor. É preciso ficar atento também para a capacitação da mão-de-obra da região, porque sem trabalhadores e empresários bem preparados, não é possível alcançar o desenvolvimento almejado.
Eliel - Comentou-se no meio político que o senhor poderia ser suplente da candidata ao Senado, Wilma de Faria. Há essa possibilidade? O cidadão Flávio Azevedo postula ingressar na política?
FLÁVIO AZEVEDO - Tenho filiação partidária, o que me deixa apto a integrar uma chapa para disputa eleitoral. Todavia, as decisões sobre formação das chapas e coligações serão tomadas pelos partidos e candidatos lançados ao Governo e ao Senado no devido tempo, respeitando os prazos definidos pelo calendário da Justiça Eleitoral. Não seria adequado neste momento, nem respeitoso com os dirigentes dos partidos, dar declarações peremptórias.
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