A divulgação de relatório preliminar sobre as causas do apagão que deixou 70 milhões de pessoas sem luz em 21 de março opôs o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) à BMTE (Belo Monte Transmissora de Energia), empresa que opera as instalações nas quais o problema foi iniciado.
Para o operador, o blecaute foi provocado por falha humana na programação de um disjuntor da subestação Xingu, parte do sistema de escoamento da energia da usina de Belo Monte, no Pará.
A BMTE, controlada pela chinesa State Grid e pela Eletrobras, diz que o problema foi causado pela "condição provisória" do sistema, que operava com "risco de desligamento por falha simples".
O apagão deixou 14 estados do Norte e do Nordeste sem luz e teve reflexos em outras regiões, com cortes isolados para reequilibrar a frequência da rede de transmissão.
O diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, disse nesta sexta (6) que o sistema de proteção do disjuntor estava programado de forma equivocada para operar com corrente máxima de 4.000 amperes, enquanto sua capacidade chega a 5.000 amperes.
A programação teria sido feita pela equipe técnica da BMTE e não informada ao operador do sistema.
Quando a corrente superou o teto programado, o disjuntor caiu, derrubando a ligação entre Belo Monte e o resto do país. "A proteção enxergou como se houvesse uma sobrecarga, mas não era sobrecarga", disse Barata.
O Norte caiu porque a rede ficou com mais energia do que consegue consumir.
Já o Nordeste ficou com menos energia do que a demanda naquele momento, já que importava do Norte volume equivalente a 23% de seu consumo.
Uma falha no sistema de proteção da hidrelétrica de Paulo Afonso (BA) derrubou duas unidades geradoras da usina e contribuiu para o blecaute total em um momento em que apenas 50% da carga da região havia sido cortada.
NM
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