Com 84 anos, a saúde um pouco abalada e seis décadas de trajetória política, o senador José Sarney (PMDB-AP) encontra-se num dilema de vida: ser ou não ser candidato a mais um mandato de senador pelo Amapá, estado que adotou para angariar votos.
Por enquanto, o mistério se mantém. Sarney não diz que sim nem que não. Há cerca de 15 dias, segundo políticos locais, ele enviou ao Amapá um de seus colaboradores, que se dedica às reivindicações do estado — do Maranhão, ele mesmo cuida.
O enviado conversou com aliados do velho cacique, ouviu ponderações e as repassou ao chefe.
Uma das preocupações que estão atormentando a cabeça do longevo líder político é que, se concorrer, corre risco de perder.
E sair da vida pública vitoriosa — na qual foi tudo o que quis, inclusive presidente da República — com uma derrota não seria um bom final. Além disso, a filha, a governadora Roseana Sarney (PMDB), também desistiu de concorrer ao Senado pelo Maranhão e, a partir do ano que vem, pretende passar uma temporada nos Estados Unidos — o destino seria Miami, como vêm dizendo às rodas políticas maranhenses.
Uma derrota de Sarney, somada ao afastamento de Roseana, deixaria a família longe do poder pela primeira vez na vida. O único representante do clã que pode se eleger com uma certa facilidade é o deputado Zequinha Sarney (PV-MA).
No Amapá, o candidato que mais preocupa Sarney é cria sua. Trata-se do deputado federal Davi Alcolumbre (DEM).
Davi era sobrinho de Salomão Alcolumbre, que foi suplente de Sarney e morreu em abril de 2011, aos 65 anos, de um ataque cardíaco. Davi entende que chegou a hora de tocar a vida sozinho.
Embora jovem, com 37 anos a se completarem dia 19 deste mês, ele não é neófito. Deputado federal por três mandatos seguidos, na eleição passada para prefeito ficou em quarto lugar no primeiro turno.
Acabou apoiando Clécio Luis (PSOL), ajudando-o a vencer o pleito contra Roberto Góes (PDT).
O Globo
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