Eu sempre falei que essa história de impeachment de Micarla de Sousa (PV) não daria em nada. Afinal, trata-se de um processo rumoroso que necessita contar com ampla maioria da Câmara Municipal de Natal. E esta "ampla maioria" ainda está comprometida, digamos assim, com a governabilidade da gestão da borboleta.
Mas há sinais de que a chapa está esquentando para Micarla de Sousa no âmbito do legislativo municipal.
Duas coisas me chamaram a atenção ontem: a votação do pedido e o resultado.
A votação do pedido, se não estou enganado, foi inédita na Câmara Municipal de Natal. Não lembro de ter acompanhado requerimento semelhante. O que antes era tratado à boca miúda, em conversas reservadas nos gabinetes e corredores, acabou em pedido formal de abertura de processo para afastamento do (a) chefe do Executivo municipal.
Apesar do resultado favorável à prefeita Micarla de Sousa, um grupo maior [composto por oito vereadores] aprovou a abertura do processo de impeachment. Outros sete votaram contra o pedido e cinco se abstiveram. Um dos vereadores estava ausente. Eram necessários 11 votos para o pontapé inicial do trâmite.
A vitória de Micarla de Sousa poderia ter sido mais folgada se a turma da abstenção tivesse descido do muro, afinal, todos eles estão ou estiveram próximos da gestão dela com acesso a cargos e obras em seus redutos eleitorais.
Mas a eleição está se aproximando e os vereadores, todos candidatos à reeleição, se tornam mais refratários a Micarla de Sousa, rejeitada por mais de 90% da população natalense, segundo as pesquisas.
Em tempo de eleição, político não rasga dinheiro, não come merda e não abre mão de voto. Boa parte dos vereadores que apoiaram Micarla de Sousa está se reposicionando de olho no eleitorado que deseja ver a borboleta pelas costas.
Entre a reeleição dela e a deles, claro, os vereadores vão tratar da própria sobrevivência política. Micarla que se vire.
Portanto, a situação política de Micarla de Sousa no parlamento municipal já esteve melhor. Sem perspectiva de reeleição, ela não tem muito o que oferecer aos políticos da sua base. Agora é cada um por si e Deus por todos. Ou o diabo, talvez.
Por Diógenes Dantas.
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