sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Arquivamento do impeachment de Micarla de Sousa já era esperado.

Eu sempre falei que essa história de impeachment de Micarla de Sousa (PV) não daria em nada. Afinal, trata-se de um processo rumoroso que necessita contar com ampla maioria da Câmara Municipal de Natal. E esta "ampla maioria" ainda está comprometida, digamos assim, com a governabilidade da gestão da borboleta.

Mas há sinais de que a chapa está esquentando para Micarla de Sousa no âmbito do legislativo municipal.

Duas coisas me chamaram a atenção ontem: a votação do pedido e o resultado.

A votação do pedido, se não estou enganado, foi inédita na Câmara Municipal de Natal. Não lembro de ter acompanhado requerimento semelhante. O que antes era tratado à boca miúda, em conversas reservadas nos gabinetes e corredores, acabou em pedido formal de abertura de processo para afastamento do (a) chefe do Executivo municipal.

Apesar do resultado favorável à prefeita Micarla de Sousa, um grupo maior [composto por oito vereadores] aprovou a abertura do processo de impeachment. Outros sete votaram contra o pedido e cinco se abstiveram. Um dos vereadores estava ausente. Eram necessários 11 votos para o pontapé inicial do trâmite.

A vitória de Micarla de Sousa poderia ter sido mais folgada se a turma da abstenção tivesse descido do muro, afinal, todos eles estão ou estiveram próximos da gestão dela com acesso a cargos e obras em seus redutos eleitorais.

Mas a eleição está se aproximando e os vereadores, todos candidatos à reeleição, se tornam mais refratários a Micarla de Sousa, rejeitada por mais de 90% da população natalense, segundo as pesquisas.

Em tempo de eleição, político não rasga dinheiro, não come merda e não abre mão de voto. Boa parte dos vereadores que apoiaram Micarla de Sousa está se reposicionando de olho no eleitorado que deseja ver a borboleta pelas costas.

Entre a reeleição dela e a deles, claro, os vereadores vão tratar da própria sobrevivência política. Micarla que se vire.

Portanto, a situação política de Micarla de Sousa no parlamento municipal já esteve melhor. Sem perspectiva de reeleição, ela não tem muito o que oferecer aos políticos da sua base. Agora é cada um por si e Deus por todos. Ou o diabo, talvez.
Por Diógenes Dantas.

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