Passando as férias em Mossoró descobrimos que a cunhada, Valdilene Leão (na foto), tem pendores para o cordel público como incentivo ao passo da cordelista que ela dá. Aliás, outra cunhada, Virlene, ofereceu subsídio para a matéria jornalística que fizemos sobre Mossoró, quando lá estivemos recentemente.
A turma da cultura da família Leão: José Leão, Lázaro, Bruno, Vânia e Verônica.
Confira o poema da autora, Valdilene Leão, abaixo:
Em 1927
Essa história estourou
Lampião e seu bando
Em Mossoró entrou
Vou contar essa história
Do jeito que vovó me contou
Lampião e seu bando
Nos arredores de Mossoró ficaram
E para Rodolfo Fernandes
Um bilhete mandaram
Exigindo dinheiro
E uma briga compraram
Por que Rodolfo Fernandes
Era um cabra forte
E não deixou Mossoró
A sua própria sorte
E começou a reunir
Uns cabra do mesmo porte
Algumas medidas
Precisaram ser tomadas
Pessoas sem armas, velhos e
crianças
Da cidade foram tiradas
E também as donzelas
Pra não serem defloradas
Tudo isso com a intenção
Do povo proteger
Querendo evitar o máximo
De gente inocente morrer
Pra que ninguém sabia
O que podia acontecer
Agora vamos deixar
De tanta falação
E começar a contar
O momento da ação
Da história conhecida
Como a entrada de Lampião
Já que nosso prefeito
Não atendeu o pedido
Dando o dinheiro cobrado
Pelo cangaceiro bandido
Ele invadiu Mossoró
Conforme o prometido
Mas em Mossoró
O esquema estava armado
Pra surpreender o bando
Estava tudo preparado
Em cada trincheira tinha
Um bocado de cabra armado
Foi em frente da igreja
Chamada São Vicente
Que Lampião se encontrou
Com nossos cabra valente
Defensores de Mossoró
Armados até os "dente"
Tem muita gente que diz
Que nesse dia bala choveu
Não pense que é lorota
Foi isso mesmo que aconteceu
Com o rabo entre as pernas
O bando todo correu
Mas teve um cangaceiro
Que não pode correr
Pois na chuva de bala
Ele veio à falecer
Entrou em Mossoró
Somente para morrer
Só se arrependia de um pecado
Dizia jararaca
De jogar uma criança pra cima
E aparar com uma faca
Ainda bem que reconheceu
Que enfiou o pé na jaca
Mas em Mossoró
Sua história mudou
Por que depois que aqui
A sua morte encontrou
De cangaceiro perverso
A milagreiro passou
Nem que alguém rode
O mundo inteiro
Não encontra história como essa
De jararaca cangaceiro
Que depois de morto
Virou santo milagreiro
O próprio lampião
A derrota reconheceu
E disse que um grande erro
O bando dele cometeu
Quando com uma cidade de mais
de uma torre
O cangaceiro se meteu
Mas uma dúvida se tem
Por que todo mundo dizia
Que Lampião era
Devoto de Santa Luzia
A dúvida é se ele entrou mesmo
Em Mossoró naquele dia
Se ele entrou ou não
Não posso dizer
Só sei que seu bando
Fez bala chover
Ainda bem que Mossoró tinha
Cabras valentes pra defender
Tanta valentia
Merece reconhecimento
Por isso foi construído
Um grande monumento
Para os nossos heróis
Em sinal de agradecimento
Foi todo projetado
Com sabedoria e ciência
Pelo povo foi esperado
Com muita paciência
Quem quiser saber dessa história
hoje
Vá ao memorial da resistência.
Autora: Valdilene Leão
A história de Lampião em Mossoró-RN teve como ápice apenas uma hora e meia do dia 13.06.1927, das 16h até as 17h30min, mas tornou-se um grande feito que encheu de orgulho todo o povo mossoroense que passou a ser conhecido como um povo forte e que não se dobra mesmo que seja aos desmandos de um cangaceiro bandido que a pouca memória e pouco caso da nossa história até permitiu graciosamente que fosse erroneamente confundido com um justiceiro do sertão, fato já desmistificado. Lampião era só bandido e não justiceiro e em Mossoró encontrou uma resposta diferente das que costumava receber em outras cidades com o apoio coiteiro de coronéis e políticos da época. Parabéns à Valdilene Leão e ao blogueiro Eliel Bezerra. faltou apenas dizer que Raimundo Leão de Moura, nosso bisavô, também estava em uma das trincheiras que fez lampião sair ás pressas de Mossoró. José Leão.
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