Renan Calheiros nunca foi próximo de Eduardo Cunha e sempre se incomodou com a sugestão de que marchava ao lado do ex-deputado.
Para ilustrar a versão de que não eram sequer aliados, o senador tem contado a amigos uma história da época em que era presidente do Senado.
Em 2014, Renan queria indicar Bruno Dantas para o TCU. Então, o deputado Henrique Eduardo Alves, na época presidente da Câmara, chamou Dantas para conversar, já que a indicação deveria passar pela Casa.
Quando chegou, o jurista foi surpreendido e deu de cara com Cunha sentado na cadeira da presidência. O peemedebista tentou constrangê-lo e teria dito que a aprovação de seu nome dependia do pagamento de propina.
Renan, ao saber do ocorrido, ficou vermelho de raiva. Passou a mão no telefone e falou com Alves. A discussão foi áspera e eles acabaram brigando.
O alagoano disse que se a Câmara não votasse o nome de Dantas o Senado não votaria nenhum indicado da Casa mais baixa para coisa alguma.
Diante da ameaça, Alves então recuou.
O indicado foi finalmente nomeado ministro sem envolver valores.
Tornada pública nesta semana, a delação de Lúcio Funaro escancarou essa rivalidade dentro do próprio PMDB.
Ao denunciar a compra de votos para o impeachment, o doleiro disse que o deputado Aníbal Gomes, aliado de Renan, foi cooptado por Cunha apenas para enfraquecer o senador.
“Para ele era importante provar: ‘tá vendo, até no pessoal do Renan eu tô mandando também’. Porque eles tinham uma disputa muito forte os dois, entendeu?”, disse Funaro.
Ao tomar consciência do teor da delação, que não o chamuscou, ao contrário de Alves e Cunha, presos, Renan não se surpreendeu: “Eu nunca tive nada com esse povo”, disse.
ROL