O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse neste sábado (4) ter desconfianças sobre quem matou a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, mas não apresentou nenhum nome ou indício a respeito.
A fala se deu num momento em que o presidente reclamava de suposta perseguição promovida pelo governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), e da Polícia Civil do estado contra ele e seus familiares em investigações.
Bolsonaro citou o porteiro do condomínio no qual tem casa, no Rio, que disse em depoimento que Élcio Queiroz, ex-policial militar preso por envolvimento na morte de Marielle, esteve no local no dia do crime e afirmou na portaria que iria à sua residência.
Conforme o depoimento, noticiado inicialmente pela TV Globo, em outubro, ao interfonar para a casa de Bolsonaro, um homem com a mesma voz do presidente teria atendido e autorizado a entrada.
O suspeito, no entanto, teria ido a outra casa dentro do condomínio, a de Ronnie Lessa, também preso sob suspeita de participar do crime.
Naquela data, Bolsonaro estava em Brasília. A contradição no depoimento também foi noticiada pela TV Globo.
Após a repercussão do caso, o porteiro recuou e, em nova oitiva, disse ter errado ao atribuir a Bolsonaro a autorização para que Queiroz entrasse no condomínio.
"No meu entender, ele [porteiro] assinou sem ler, foi pressionado ou subornado. A TV Globo pôs no ar", disse o presidente durante a live.
Bolsonaro afirmou que Witzel o avisara, ainda no início de outubro, do envio do processo com o depoimento que citava seu nome ao Supremo Tribunal Federal, em Brasília. "Ele teve acesso a um processo que corria em segredo de Justiça. E mais, quem interrogou foi um delegado da Polícia Civil dele."
O presidente alegou que o governador do Rio sabe que não há nenhum indício contra a sua pessoa no caso Marielle, mas sabe, na condição de ex-juiz, "o desgaste que isso" gera.
"Qual interesse eu teria contra Marielle? Interesse zero, vocês nunca me viram conversando com ela, trocando uma mensagem com ela."
Dirigindo-se diretamente a Witzel, o presidente declarou: "Muito obrigado, governador, pelo trabalho que vocês estão fazendo aí. Justiça vai ser feita, mas não é essa justiça tua aí, de um setor do Judiciário. No mínimo o que está acontecendo no RJ é obstrução de Justiça. Fica plantando essas notícias, com apoio do Jornal Nacional".
Bolsonaro disse também que há perseguições em curso contra os filhos.
Ele se referiu à operação comandada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para apurar suposto envolvimento do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) num esquema em seu antigo gabinete na Assembleia do estado.
Em dezembro, a loja de chocolates do congressista foi alvo de busca e apreensão. Há suspeita de que o comércio tenha sido usado para lavar R$ 1,6 milhão fruto do esquema em apuração.
Ente os 24 alvos da ação, estavam ex-assessores de Flávio e parentes de Ana Cristiva Valle, ex-mulher de Bolsonaro.
Em junho, a Justiça determinou a quebra de sigilo de mais de 80 pessoas ligadas a Flávio e ao seu gabinete na Assembleia. Ele foi deputado de 2003 a 2018.
"O que estão fazendo é um absurdo, quebrando o sigilo de 90 pessoas ligadas a mim, ligadas ao meu filho. Busca e apreensão na casa de pessoas que foram demitidas em 2008 e 2009. Uma barbaridade que o juiz de primeira instância está fazendo", protestou o presidente.
Sem dar qualquer detalhe a respeito e sem apresentar provas, ele disse ainda que tentaram forjar um flagrante de seu filho Carlos, vereador no Rio.
"Armaram há pouco tempo uma busca e apreensão na casa do meu filho Carlos, já com provas forjadas para jogar para cima dele, com dinheiro lá dentro, com armas, com drogas. Quem está fazendo esse tipo de serviço é o mesmo [do] caso Marielle."
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