O MPM (Ministério Público Militar) denunciou à Justiça militar na última quinta-feira o primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros sob acusação de homicídio culposo (em que não há a intenção de matar) e dano em instalações navais e em estabelecimentos militares em decorrência do incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz, em fevereiro deste ano, que resultou na morte de dois militares.
Segundo a denúncia do MPM, assinada pelo procurador da justiça militar Giovanni Rattacaso, por volta das 23h30 do dia 24 de fevereiro, Medeiros resolveu transferir o combustível que estava em tanques de armazenamento para dois tanques de serviço, que ficam próximos aos geradores de energia elétrica.
Ele abriu as válvulas de entrada de combustível e ligou a bomba de transferência. Como a operação demoraria cerca de 30 minutos para terminar, o primeiro-sargento dirigiu-se à sala de estar da base, onde ocorria uma confraternização de despedida de uma pesquisadora.
Medeiros teria permanecido na sala de estar até às 00h40, quando houve uma variação de energia elétrica. Ele teria voltado correndo à praça de máquinas, encontroando um incêndio já de grandes proporções.
Segundo o laudo da perícia, o militar não concluiu a transferência do combustível no tempo hábil e, por isso, os tanques de serviço transbordaram e o combustível, óleo diesel, entrou em contato com partes mais quentes do gerador que estava em funcionamento, provocando o incêndio.
O fogo destruiu cerca de 70% da base brasileira na Antártida. O prejuízo estimado é de quase R$ 25 milhões.
Em depoimento no Inquérito instaurado na Marinha, Medeiros afirmou que retornou à praça de máquinas 20 minutos após ter saído e que desligou a bomba de transferência de combustível.
As outras testemunhas que estavam na festa disseram, entretanto, que Medeiros permaneceu o tempo todo na sala de estar, retirando-se apenas quando as luzes piscaram e o incêndio já começara.
Folha