Defensor do meio ambiente, humanista por natureza e apaixonado por sua cidade (Acari), Joselito Jesus de Araújo Silva, ou simplesmente Jesus de Miúdo, fala em entrevista ao blog sobre seus pensamentos e idéias sobre educação, saúde, drogas, política e outros temas abordados.
Do jardim de infância, no Bolinha, passando pelo Tomaz de Araújo, Dr. José Gonçalvez de Medeiros e escola municipal Dr. Odilon Guedes da Silva até o curso em Administração de Empresas pela UFRN, aos 39 anos, esse representante comercial "rasga o verbo" neste blog e se diz mais do nunca pronto para defender sua "Acari do meu Amor". Desfrutem abaixo da entrevista que ele concedeu a esse blog.
01- Jesus, você é um defensor da ecologia, não só na cidade do Acari, como na região do Seridó. Como se encontra a ecologia na região?
Jesus: Na verdade sou um homem preocupado com o meio ambiente. A ecologia, de certa forma, é a ciência e a consequência teórica e funcional dessa minha defesa ao sertão, e, da nossa relação com a caatinga, ou com as águas do nosso espaço, como exemplos. Mas entendo a pergunta e compreendo que o nosso biossistema anda preocupando mais pessoas.
E isso é edificante, porque temos visto a cada ano o aumento do desrespeito ao meio ambiente, dos problemas ecológicos, sem que as autoridades criem mecanismos práticos para a defesa do nosso ecossistema. Nossos animais silvestres estão desaparecendo e isso é grave! Urge uma política séria, tangível e, acima de tudo, operável e sem perdas.
As gerações futuras talvez estejam sendo furtadas do direito de ouvir certos cantos de alguns pássaros, de ficar cara-a-cara com alguns animais, de sentir determinados cheiros próprios deles, etc.
Na flora é outro dilema. Em razão de alguns segmentos terem na madeira o combustível para as suas operações, a cada dia o desmatamento aumenta. Fiquei sobremaneira satisfeito com a notícia de fazendeiros optando por não mais venderem suas árvores e, além de tal decisão, estarem investindo no replantio da área desmatada, além de coibirem a caça para fins comerciais em suas terras.
Tais atitudes demonstram a maturidade dessas pessoas e a preocupação com o nosso ambiente. O desmatamento hoje, que vai aproximando nossa região de parâmetros só obtidos nos desertos, nos traz uma conjuntura difícil de ser resolvia, pois antes de tudo há o problema social, do desemprego se alguma ação mais veemente for tomada. É um tema complexo!
Há pessoas que dizem que o desmatamento na época da cotonicultura era maior. Podia até ser, porém, havia o plantio de uma árvore no lugar da outra. Então, esse assunto causa polêmica e é um paradoxo medonho.
Enfim, eu diria que há o problema e ele é sério. Mas que a consciência engatinha e nós podemos, sim, superá-lo. No entanto, neste instante, o quadro é feio. São urgentes providências, decisões trazendo metas realizáveis.
02 - Recentemente tivemos problemas com a água que chegava ao Gargalheira. Esta situação mudou ou continua a mesma?
Jesus: Recentemente? O que podemos compreender por recentemente? Um ano, dois anos, três anos... vinte anos? O problema existe há décadas! No começo dos anos noventa do século passado as câmaras de vereadores de Acari e Currais Novos já debatiam o tema, já se preocupavam com a situação.
Infelizmente o assunto morreu e só voltou à tona em dezembro de 2006, quando a revista Ciência Hoje, nº 233, publicou um artigo com a situação naquele momento. E era drástica! Era vergonhosa! Eu republiquei a mesma reportagem em meu fotoblog e a coisa estourou feito uma bomba na comunidade acariense mundo afora. Houve quem desmentisse, houve quem me acusasse de mentiroso, de oportunista, de desejar acabar com a fama de Acari, de contribuir para o declínio do turismo... essas coisas. Mas eu estava tranquilo, pois além da reportagem veiculada numa revista séria, eu tinha o apoio das doutoras que estavam à frente da pesquisa.
Bom, aconteceram eventos a partir dali, audiências públicas, novas reuniões das câmaras dos dois municípios, reforço nos estudos e da problemática, e um monte de outras ações. Os políticos vieram, observaram a situação estarrecedora e, diante das câmeras de televisão e dos gravadores dos jornalistas de blogues e jornais impressos, eles, os políticos, se revoltaram e disseram as contumazes frases feitas e de efeito. Depois prometeram, prometeram e prometeram. Nada fizeram! Era o velho vezo político se abrindo ali, na minha cara.
Passados quatro anos o quadro se encontra absolutamente do mesmo jeito. Nada foi realizado. A água do açude continua recebendo os esgotos de Currais Novos via Rio São Bento, quando chove, e pelos lençóis freáticos o ano inteiro. Está lá. É verdade! É a realidade reconhecida de muitos, mas abandonada por quase todos! Há a necessidade de uma política séria para o saneamento da bacia do Açude Gargalheira.
03 - Na sua opinião, como deve ser tratado a questão da água no nosso Estado?
Jesus: A questão da água em nosso Estado é uma lástima! Veja a situação de Natal, uma cidade cuja população é bem instruída, formada por uma classe social que, em média, tem conhecimentos, e, no entanto, convive com o drama dos nitratos em seus reservatórios há anos. Ora! Se na capital o problema não encontra solução, o que diremos do interior? O que podemos esperar dos “homens” da nossa terra potiguar para a população menos informada? Veja bem, não obstante o problema do Gargalheira, por exemplo, já ter sido reconhecido pelas autoridades das cidades envolvidas, ainda há gente que me odeia por eu tê-lo publicado em meu fotoblog. A maioria dos desafetos que tenho em minha cidade vem do tempo da denúncia.
A pergunta não é como “deve”, e sim como “tem” que ser tratada a questão. O mundo inteiro estuda soluções para a melhor qualidade de suas águas, digo, para as que vêm às casas, e, principalmente, para as que voltam aos reservatórios. No Brasil, e em especial no Rio Grande do Norte, isso parece ser coisa apenas para o futuro. Por outro lado a CAERN pertence ao governo e esse, claro, não pode assumir a culpa nem responsabilizar com o rigor que a Lei exige a sua operadora, pois seria como o Estado multando o próprio Estado. Quem já viu o guarda aplicar uma multa em si mesmo?
Atípico, não? Então, a CAERN não resolve, o governo é leniente e as águas ficam pruridas. O cidadão que ferva essa água, que compre mineral ou que morra, todo dia um pouquinho, bebendo e cozinhando nitratos.
04 - Outro grande problema que preocupa são os aterros sanitários e abatedouros públicos na região do Seridó. Como está a questão na cidade do Acari?
Jesus: Tenho conhecimento que a maioria dos aterros deixa seu chorume ir de encontro a algum rio ou riacho. Lamentável! Hoje conhecemos técnicas avançadas de coletas de lixo. A televisão mostra isso quase todo santo dia, trazendo reportagens com ações de sucesso em cidades de diferentes números populacionais. Infelizmente os gestores públicos do Seridó estão ocupados demais com as políticas que nunca acabam, e os seus assessores idem, e não têm tempo de conhecerem essas técnicas (algumas delas até bem simples).
No passado tivemos aqui em Acari uma usina de compostagem e reciclagem do lixo, mas sei que está desativada. É um erro! A cidade cuja melhor propaganda é evidenciar o mito de sua limpeza deveria ser exemplo para as demais.
Tenho um trabalho sobre a educação nesse sentido, e nele eu sugiro que as ações comecem com o incentivo às crianças nas escolas. Trabalhar a mente da criança é sempre muito positivo e profícuo. Fui criança, sou pai e sei como é. Eu disponibilizo esse trabalho, ou até topo iniciar um junto às autoridades da minha terra. Difícil é ser aceito, né?
Quanto a questão dos abatedouros públicos... eu daria glórias a Deus se o mesmo rigor utilizado pelos órgãos competentes que fiscalizam esses ambientes, estivesse presente também noutros meios, digo, noutros segmentos – leia-se nas distribuidoras de águas, sejam encanadas, engarrafadas ou nas vendidas sobre carros, como exemplos.
Bom, quanto ao problema do abatedouro de nossa cidade, acompanhei por um desses blogues políticos que o Prefeito Antônio Carlos já conseguiu a solução. Veja bem, tenho dito sempre uma coisa. Acari não deve negligenciar nunca a sua melhor promoção: A cidade mais limpa do Brasil. A atenção neste aspecto deve ser redobrada! Aqui entra um paradoxo que deixo aos leitores meus conterrâneos: se é limpa, que suas águas sejam também. De nada valerá ruas e paredes impecáveis, se a saúde do povo estiver de qualquer forma comprometida.
05 - Acari sempre foi uma cidade muito "charmosa" e acolhedora na região seridoense. O que você pensa sobre o turismo na sua cidade?
Jeus: O turismo de Acari é abandonado! Sei das pedradas que receberei por tal afirmação. Sou Administrador de Empresas e paguei uma matéria de Turismo como complementar.
Vi o quanto Acari é amador em sua forma de trabalhar o turismo. Temos um potencial enorme, incrível, mas não temos feito o menor esforço para pô-lo em prática, embora se diga e se propague o contrário. Alguns lugares nossos são realidades do ponto de vista turístico, outros têm uma perspectiva espetacular, mas, infelizmente, o turismo de Acari é quase todo canalizado para a exploração do Gargalheira.
Hoje alguns eventos estão fazendo parte do nosso calendário. Alguns desses acontecimentos cresceram tanto, como é o caso do Festival de Pescado, que estão se tornando um problema à imagem da cidade. Acontece que não há um planejamento sistemático sobre as festas, digo, sobre os tais eventos e acaba que, o turista vem e, aqui chegando, recebe um tratamento pífio.
Não temos bons restaurantes, não temos bons hotéis. Alguns casos isolados de donos de pousadas se esforçando para oferecer um melhor conforto.
A exceção, boa, por sinal, é a Festa da Pega de Boi no Mato. Ela começou pequena e cresce a cada ano. Acontece que o dono da propriedade tem os pés no chão e limita o acesso à festa. Programou-se e tem obtido resultados positivos.
Também tenho um trabalho sobre o Turismo, feito em parceria com Milena Córdula (Turismóloga pela UFRN) e mais dois colegas da faculdade, sob a orientação da Doutora Ione Azevedo, abordando o turismo como única via de retorno para Acari voltar a crescer economicamente. Nele fizemos um rápido raio-X, diagnosticamos algumas falhas, aconselhamos, damos ideias, dizemos o que falta. Mas, aí, as coisas devem ser planejadas com atenção, respeitando os limites do espaço e a capacidade dos atores urbanos na formação de uma rede que possibilite ao turismo o sucesso de metas alcançáveis... essas coisas. Bom, o tema é complexo e exige muito espaço.
06 - As drogas crescem não só nos grandes centros urbanos como pelo interior do país. Cada vez mais se alastra pelo RN. Acari já sente este problema?
Jesus: Infelizmente sim. Acari padece desse mal medonho que tem assolado e destruído lares, causando pânico às melhores sociedades do Brasil e do mundo. Até quem não está no mapa sofre dessa doença, dessa forma nociva de encarar a vida.
07 - Como você vê a educação e a cultura em Acari?
Jesus: Acari é uma cidade quase tri-centenária. Na verdade já o somos em existência, digo, de fato. De direito estamos quase chegando lá. Bom, se voltarmos no tempo e fizermos uma leitura sobre a educação em Acari veremos que sempre tivemos o privilégio do saber. Pelos homens que nos colonizaram, pela forma como o adquirir conhecimento sempre foi incentivado em nossa sociedade.
Você veja que nos idos de mil oitocentos e quê já tínhamos professores em nossa sociedade. Nosso Grupo Escolar é uma entidade de ensino com cem anos!
Pois bem, a educação em Acari, outrora ganhadora de alguns prêmios até em nível nacional, é um trabalho bi-centenário enraizado na cultura do nosso povo. Não é uma realidade com menos de cinquenta anos, como alguns querem deixar parecer.
Entretanto, de certo modo, poderia ser melhor exatamente por essa bagagem fantástica, herdada dos antepassados. Explico: quando você compara a educação em Acari com outros municípios vizinhos, verá que nos destacamos, embora tenhamos caído ultimamente e perdido posições. A grande preocupação que eu tenho como pai de aluno: não podemos comemorar o fato de sermos os melhores entre os piores.
No Rio Grande do Norte ainda somos reconhecidos, mas vá ver a posição do Estado no cenário nacional. Há muito trabalho pela frente e para o mesmo ser feito com sucesso, há a carência da humildade em alguns envolvidos no processo.
A cultura em Acari poderia ser mais bem explorada porque é singular, digo assim, melhor aproveitada, até para ser oferecida aqueles que vêm nos visitar. O Seridó tem uma cultura ímpar, porém meio calada.
08 - E a saúde pública? No momento qual a situação na cidade?
Jesus: A saúde pública em Acari é uma coisa interessante. Não é e nem poderia ser ruim de jeito nenhum! Afinal temos sido administrados por pessoas diretamente ligadas à saúde desde 1988. Quer outro dado interessante? Nas últimas 14 eleições, ou seja, de 1950 para cá, apenas quatro prefeitos de Acari não são da área da saúde ou ligados a ela de alguma forma. Isso contando já com o atual gestor, o Tom. Logo, não podemos ter uma saúde mal organizada.
No entanto, meu amigo, a questão da saúde ganha raias que saem do espaço Acari e é um problema estadual, herdado do federal. Seria hipocrisia minha dizer que a saúde está limpinha, intocável e fora da UTI, porque esse não é o quadro clínico da saúde em nível nacional, estadual e contagia Acari, claro!
Há pouco conseguiram reabrir a sala de cirurgias do nosso Hospital Maternidade. Mas estava fechada há um ano! Como pôde ficar fechada tanto tempo, se a saúde é a principal bandeira dos mantidos no poder? Quer ver outra coisa? A sala de Raio X do Hospital Regional está fechada há alguns meses e as emergências ortopédicas são encaminhadas a Currais Novos para os devidos exames.
Por que ainda não tivemos uma solução para o problema? A maternidade vive de fazer campanhas, senão já estaria fechada. Ou seja, vive na UTI o nosso Hospital Maternidade. Teremos uma festa, nesses dias vindouros, onde pessoas estão sendo chamadas para doarem certa quantia em prol da entidade. Parece que o município já não tem mais como “bancar” a instituição.
Então, será necessário esquecermos as querelas políticas e a politicagem rasteira para nos envolvermos com a salvação daquela casa. Só espero que, em se salvando a maternidade, tal coisa não seja creditada apenas a alguns pseudo-herois aparecidos em anos de política, porém que e população receba a merecida homenagem por tal coisa. Evidencio isso porque creio de péssimo gosto elencar o bem público, seja ele qual for, como de propriedade de uma facção política ou de outra. O bem público não deve ter dono. Ele pertence ao povo, simples assim.
09 – Mas o que você acha, ou como vê, as administrações passadas e a atual desse grupo que domina a política em Acari?
Jesus: Veja bem, deixe-me explicar uma coisa: não sou contra esse ou aquele homem. Não trago minhas convicções para o lado pessoal. Eles têm trabalhos prestados à população de Acari. Claro que têm! Ninguém fica no poder tanto tempo se nada tivesse realizado de bom. Mas observe a seguinte coisa: quando o grupo assumiu Acari, em 1988, éramos uma cidade estruturada para o básico num ambiente como o nosso, digo assim, do nosso tamanho.
Já estava tudo praticamente feito. Na Educação, por exemplo, tínhamos um Jardim de Infância, o Grupo Escolar, o Ginásio Dr. José Gonçalves e dois cursos profissionalizantes em nível de segundo grau – o Magistério e o Técnico em Contabilidade. Estudei no técnico com gente de Carnaúba, de Jardim do Seridó, de Parelhas, de Cruzeta e até de São José do Seridó.
Ou seja, as pessoas vinham de outras terras para estudar na nossa, e essas escolas citadas eram referências de ensino! Pois bem, no esporte já tínhamos um ginásio de esportes coberto e duas quadras descobertas, servindo de lugar para o vôlei quase imbatível nos dois sexos, o handebol era uma verdadeira escola e o futsal uma equipe muito competitiva.
Antigamente era. O campo, apesar de só ter sido murado em 1994, servia para um time conhecido no Rio Grande do Norte inteiro, o Vasco de Acari. Veja, no esporte também estávamos bem. Vamos à Saúde? Já tínhamos a Maternidade recebendo muitas gestantes das cidades vizinhas, e o Centro de Saúde Dr. Odilon Guedes, esse com sala para odontologia, laboratório para os exames básicos e outros bens. Assim, já estávamos bem representados. Também tínhamos uma rede de esgotos com mais de 80%, energia elétrica em toda área urbana, um abatedouro, uma feira coberta, ações sociais que minimizavam a fome (o sopão)... enfim, faltava pouco.
O que estou querendo dizer? O grupo que aí está pegou nossa cidade com uma boa infra-estrutura! Em termos de cidade, estávamos juntos de Caicó, Currais Novos e Parelhas, entendeu? Calçaram ruas, melhoraram outras coisas, mas, basicamente já existia tudo. A maioria das benfeitorias de lá para cá, veio implantada de cima para baixo, digo, do Governo Federal, e abraçou todas as cidades. Coisas do tipo PSF’s, Agentes de Saúde, Transporte Escolar, eletrificação rural, erradicação de certas doenças, fim das casas de taipa... são programas presentes em todas as cidades, porém promovidos na nossa como ação isolada desse ou daquele prefeito, entendeu? Tanto é verdade o que eu estou dizendo, que se eu perguntar por uma grande obra... melhor nem continuar.
Porém, deixe-me confessar uma coisa: por acreditar na mudança, por duas vezes votei em candidatos do grupo. Em 2000, com Dr. Eduardo, e agora em 2008 com o próprio Tom. Atualmente Tom tem feito o que pode, mas a verdade é que sobrou um caminhão de abacaxis para ele descascar. E não tem sido fácil porque ele tem oposição dentro do seu próprio grupo, embora neguem. Falo isso porque graças a Deus eu ainda tenho acesso a muita gente e de vez em quando um vem “desabafar” comigo, querendo defenestrar o prefeito.
10 - Seu fotoblog na internet (Acari do meu amor) faz muito sucesso. De onde vem este modo diferente e fácil de comunicar-se com o internauta?
Jesus: Hoje tenho no contador o número 1.705.000 visitas! É muito se observarmos que só falo sobre Acari, não discuto política, nem esportes, tampouco violência em meu fotoblog e ainda fico dias e dias sem postar, digo, sem atualizá-lo. Repare que os temas citados são de interesse de quase todos e estão presentes na maioria dos blogues.
Aliás, existe blogueiro publicando até a foto da mãe nua, de cócoras, em busca de acessos. Outros mentem descaradamente, copiam sem citar a fonte, numa falta de ética sem igual. Se eu quisesse manter um blogue político seria fácil, pois recebo e-mails da assessoria de todos os grandes políticos potiguares e até do Brasil, casos de Dilma, Michel Temer, Vicentinho, Suplicy, e alguns outros de menos envergadura.
Porém, no acaridomeuamor só entra temas relacionados com o nosso município. E, aí, o cara que mora lá fora, distante, sentindo saudades do seu torrão tem no fotoblog a oportunidade de visitar Acari todos os dias, de interagir através dos comentários com seus conterrâneos, ou de atualizar-se sobre determinados assuntos. Esse é o motivo. Mas eu tenho um desabafo. Venho cansando, sem ter tempo para deixar o fotoblog com a mesma qualidade que tinha há alguns anos.
Escrever requer tempo e paciência, raciocínio e checagem das informações. Eu não tenho mais esse tempo e sou muito cobrado por isso. Quando passo três dias sem postar, recebo cobranças por toda sorte de meio, via celular, e-mails, pessoalmente... até recados mandam.
Não existe um modo diferente na comunicação. Existe o saudosismo pelo qual todos nós somos contagiados. As pessoas entram para matar a saudade. Dizem que eu escrevo bem. Até gente de coturno alto me parabeniza pelos meus textos. Quer saber? É o único lucro que tenho com o fotoblog (risos). Mas é um salário estupendo encontrar alguém e ouvir essa pessoa dizer “chorei lendo tal texto seu”.
11 - Você já lançou 03 livros. O que mais leva-o a inspirar-se?
Jesus: As pessoas de Acari, os causos, os fatos, as tolices de meio de rua... mas, no final, sempre, as pessoas me inspiram. Hoje em dia passo a maior parte da semana em Natal, onde trabalho. Tenho escrito muito sobre a cidade, também. Natal é um grande interior, sabia? E lá eu procuro me manter fiel ao meu estilo matuto do interior.
Busco ter os mesmos hábitos todos os dias, fazendo as mesmas coisas diariamente. Tirando o almoço num dos shoppings, eu tomo café pela manhã e janto à noite em lugares que me remetem ao interior. Assim, vou conhecendo pessoas e escrevendo. Na hora certa postarei esses escritos em algum lugar.
12 - Você é uma pessoa bastante querida e conhecida em Acari. Há pouco tempo filiou-se ao Partido Verde. O que lhe levou a filiar-se a um partido político?
Jesus: Conhecido eu diria que sim. Concordo! Já querido... pela família e por meus amigos mais próximos (risos). Brincadeira. Sei exatamente da minha situação. Aliás, no âmbito acariense sempre fui conhecido mesmo. Primeiro pelo fato de me chamar Jesus e depois por ter sido, desde a juventude, meio polêmico e de defender minhas convicções de forma acalorada, fosse o assunto que fosse.
Bom, quando comecei a realizar o trabalho no fotoblog não pensava que ele me alçaria ao posto de “conhecido”, ou de “figura” acariense, isso fora dos nossos limites. Escrevo o que sinto, em relação às pessoas. Se você voltar verá que meu primeiro livro é praticamente um diário das minhas saudades de menino. Nelas estão presentes a maioria dos adultos que me davam atenção em minha infância.
São os meus heróis, costumo chamá-los assim. De repente me vi recebendo pessoas em minha casa. Pessoas passando por Acari querendo me conhecer e elogiar o meu trabalho. Isso formou uma espécie de rede de amizades, tipo, propaganda positiva boca-a-boca sobre o filho de Miúdo. Meu nome caiu em evidência e fui procurado, já em 2007, para me filiar a um partido. Aliás, atendendo a um pedido de papai, eu já era filiado. Só nunca pensei em entrar de fato para a política.
Os chamados aumentaram, aumentaram, aumentaram... a pressão também. Eu ia resistindo, ia resistindo às mais tentadoras propostas do ponto de vista econômico, feitas num momento que eu precisava muito. Mas, ia resistindo. Era questão de preceitos morais. Mas uma hora apareceu o PV e a sua temática política diferente, de ideais arrimados no respeito e na preservação do meio ambiente, sem vantagens financeiras.
Apenas os componentes morais e ideológicos alinhados com os meus. Eu pensei “está aí um partido que bate com o que penso”. Então, resolvi aceitar o desafio e mudei de partido, com a honra de ter o Professor Rivaldo Fernandes, um homem de caráter elevado, como abonador da minha ficha de inscrição.
13 - O PV acariense está ligado a algum grupo político de Acari ou pretende seguir como terceira via na cidade?
Jesus: Neste momento o PV acariense encapa a bandeira da oposição municipal em companhia do PT, do PCdoB e do PMDB e está alicerçando o projeto político do Sr. Isaías Cabral, conhecido no meio como O Profeta. Por tudo que auguramos para a nossa cidade, estamos juntos nessa luta. Não por querermos derrotar a situação para nos vingar de alguém.
Não. Não é essa a pedra fundamental. Não para mim! Tampouco queremos o poder pelo simples fato egocentrista de tê-lo em nossas mãos. Mas temos crido que Acari está parado, que certas cabeças pensantes/dominantes dos vários escalões, além de aposentadas, já não têm mais a capacidade de criação, de reação e de execução de certas ações que melhorarão a nossa cidade. Outro dia perguntei a um amigo que veio morar em Acari há dez anos (ele não é acariense). Pois bem, perguntei o que havia mudado em Acari nesses dez últimos anos, desde a chegada dele em nossa terrinha. Ele me respondeu “o lugar da sucata na entrada da cidade. Deixou de ser minha vizinha”. Vê se pode. Coisa mais triste! E olha que aqui ele e o filho apoiam a situação, mas foi sincero em sua resposta.
Também imagino a mudança como salutar na política. O continuísmo atrofia qualquer sociedade e vira uma espécie de Ditadura Populista, uma vez que o poder é do povo, mas executado por um só torna-se manco com o tempo.
No entanto, nossos pensamentos e posicionamentos atuais não repelem alternativas possíveis. Caso surja um novo projeto político, cimentando com maior propriedade a condição e viabilidade de melhoria para a nossa cidade, não será subitamente abortado.
Não. A experiência e a minha formação profissional me dizem que devemos estudar todas as propostas, analisando-as em casos. Porém, repito, no momento nosso compromisso é com a oposição e ela hoje é, de certa forma, liderada por Isaías Cabral, sendo que nós não temos dificuldade alguma em reconhecer e aceitar esse fato. Ademais, entendemos que nossa cidade tem problemas financeiros só ajustáveis com uma fratura radical no sistema, e tal coisa só é possível com a mudança do grupo administrador.
O inchaço na folha de pagamento, por exemplo, tem sido um grande problema para o prefeito atual. Mas ele, por mais que se mexa, tem que ser fiel ao regime herdado. Quem recebeu uma prefeitura mal organizada na folha de funcionários, reclama das frequentes perdas do FPM, mas olhe àquelas cidades cujo número de funcionários é o tolerável e verá a coisa andando. Aliás, aqui há um paradoxo: Lula, que é o maior presidente em ações sociais que esse país já viu, é criticado por sua política de reforçar apenas o federal, deixando as prefeituras à deriva, e, no entanto, recebeu apoio de todo mundo!
Particularmente eu ponho muita fé numa possível administração de Isaías. Ele terá toda a oportunidade de enxugar a máquina, de fazer a prefeitura ser viável do ponto de vista social e econômico. Afinal, olhando para as cidades onde o poder tem alternância de comando, vemos o quanto é benéfica a mudança. Mire o exemplo de Carnaúba dos Dantas. Que bela administração nós temos visto lá, não? Carnaúba é um exemplo de que o atual intentando ser melhor na administração que o anterior só traz ganhos para a sociedade inteira.
14 - Como cidadão e agora apto a ser votado, já que é filiado a um partido político, você vislumbra concorrer a algum cargo eletivo nas próximas eleições municipais?
Jesus: Eu não tinha até pouco tempo tal vocação. No entanto, sempre pensei a política como uma das mais nobres atividades humanas. Uma espécie de arte social. É ela, a política, quem regula as relações entre os cidadãos (de diferentes credos, raças e classes sociais), criando o equilíbrio necessário para a educação, saúde, moradia, segurança, alimentação, etc., bem como o gerenciamento da organização da vida em sociedade. Ser ético, conviver com o dinheiro, poder e ambições, é o grande desafio para quem abraça a política e assume as responsabilidades impetradas por ela. E isso, esse conceito sobre a política, eu aprendi com um grande homem de quem sou amigo.
Se eu serei candidato, ainda não sei. Há convites, há promessas de apoio ao meu nome por pessoas e famílias importantes na história acariense, há uma grande quantidade de amigos me incentivando e se comprometendo comigo, depositando confiança na minha forma de pensar... essas coisas. Mas vamos esperar, porque nada como o tempo para nos dar as respostas certas, né?
15 - Comenta-se que pela suas boas ideias e capacidade de aglutinar, que Jesus daria um bom candidato a prefeito ou a vice. O que você pensa a esse respeito?
Jesus: Um extrato do que falei acima: não direi novamente “nunca”, como dizia há algum tempo. Ainda tenho em mente que o sujeito, não necessariamente, deva ter um cargo eletivo para ajudar a sua sociedade, à sua gente. Quem quer fazer pelo próximo simplesmente faz, independente se é renumerado para tal, ou se tem um diploma pendurado em sua sala de estar.
Modéstia de lado, eu tenho convicção de já ter realizado muito pelo meu lugar sem nunca ter sido eleito, senão a possível defunto (risos). Porém, se o meu nome somar de forma saudável a um projeto sério e comprometido com o município, se for positivo a inserção do nome Jesus de Miúdo na elaboração de um governo lutando pelo melhor para Acari, eu estarei disponível, buscarei ajudar sempre e serei aliado daqueles que o planejam, sem orgulho, disputando qualquer cargo, ou até não disputando.
Meu verdadeiro partido é Acari, minha meta é o seu bem, meu plano é poder contribuir para o seu crescimento, com ou sem um mandato eletivo. E qualquer um que tiver esse pensamento me terá ao seu lado.
Mas você tem sido muito simpático em me promover logo a tais cargos (risos).
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