sábado, 2 de março de 2019

Após 2h no velório do neto, Lula retorna para sede da PF em Curitiba

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou o velório do neto em São Bernardo do Campo por volta das 13h deste sábado (2), após quase duas horas no local. 

Ele partiu até o aeroporto de Congonhas, e então foi levado de volta para a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o helicóptero que o transportava pousou às 15h45. O ex-presidente cumpre pena desde abril de 2018 por condenações de corrupção na Lava Jato. 

Lula saiu do helicóptero cabisbaixo e não chegou a acenar para os cerca de 30 apoiadores que se manifestavam na parte de trás da PF. Entre a saída e a chegada em Curitiba, Lula passou cerca de nove horas fora da prisão. 

Sob escolta armada, Lula foi levado pela manhã ao cemitério Jardim da Colina aos gritos de "Lula livre" e "Lula guerreiro do povo brasileiro". Na ocasião, ele acenou para os simpatizantes, que se aglomeravam no entorno, contidos por grades. Os apoiadores rezaram um Pai-Nosso em seguida. 

Arthur Araújo Lula da Silva, 7, morreu em decorrência de meningite meningocócica na sexta (1). O menino visitou o avô por duas vezes na sede da PF, no ano passado. Era filho de Marlene Araújo Lula da Silva e Sandro Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente e de Marisa. Familiares e amigos se despediram de Arthur num caixão branco aberto. À frente, foram colocados brinquedos, bola de futebol e um par de chuteiras. 

A sala estava repleta de coroas de flores, enviadas por políticos, membros da família, sindicatos e também pelo ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. 

Apenas a família e poucos políticos tiveram acesso a Lula dentro do crematório. Segundo relatos de pessoas que estiveram ali, o ex-presidente chorou compulsivamente ao entrar e, após as falas de um padre e dois pastores metodistas, discursou brevemente ao lado do corpo da criança. Lula disse que irá levar seu "diploma de inocência" para a criança no céu. 

Segundo os presentes, ele afirmou que Arthur sofreu muito bullying na escola por ser seu neto e prometeu a ele que iria provar que não é culpado. O petista disse ainda que não é natural uma criança morrer antes dos avós, referiu-se a si mesmo como alguém que "está fazendo hora extra" e afirmou que as pessoas que o condenaram não podem olhar para os netos com a consciência limpa que ele olha para Arthur. Lula pôde circular pela sala onde está o caixão do neto e pela sala adjacente. 

A Polícia Federal proibiu o registro de imagens, vídeos e áudios, inclusive pela equipe de comunicação do PT. Aproximadamente 100 pessoas, entre políticos e familiares, assistiram à cerimônia de cremação de Arthur junto a Lula. 

O ex-presidente passou a primeira hora recebendo cumprimentos dos presentes. Ao ver a criança, segundo os relatos dos presentes, se debruçou ao lado do caixão, chorando. Depois, assistiu de pé à celebração religiosa. 

O padre Jaime Crowe, o primeiro a falar, disse estar diante de uma "dupla tragédia": segundo ele, a prisão de Lula e a morte de Arthur. Lula recebeu autorização da Justiça Federal do Paraná para acompanhar o velório e cerimônia de cremação. 

A Lei de Execução Penal prevê a permissão de saída de presos para velórios e enterros de familiares, incluindo descendentes. 

A saída do ex-presidente ocorreu sob forte esquema de segurança e uma logística com avião e helicóptero para transportá-lo. 

Ele deixou a superintendência da PF em um helicóptero às 7h. De lá seguiu para o aeroporto do Bacacheri, onde trocou de aeronave rumo ao aeroporto de Congonhas, na capital paulista. 
NM

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