Na sanha de arrecadar a todo custo ou de fazer dinheiro a toque de caixa, a Prefeitura de Natal está desengavetando um projeto antigo: o estacionamento rotativo.
O serviço já existe em outras cidades. João Pessoa, vizinha nossa, opera algo semelhante nos bairros do centro da capital paraibana. Fortaleza, idem. Entre outras.
A ideia da Prefeitura de Natal é criar 3.500 vagas de estacionamentos para carros e motos em bairros como Cidade Alta, Petrópolis, Ribeira, Alecrim e Lagoa Nova, principalmente nas proximidades dos fóruns e prédios públicos.
A nova onda de terceirização das ruas de Natal leva o nome pomposo de Estacionamento Rotativo Eletrônico. E segundo a Semob (Secretaria de Mobilidade Urbana), encarregada de preparar o projeto, a compra dos bilhetes eletrônicos será feita por telefones celulares através de cartões de crédito.
A licitação está prevista para acontecer no primeiro trimestre do próximo ano, às vésperas da campanha eleitoral.
Segundo a Prefeitura de Natal, a empresa que vencer a licitação vai arcar com todos os custos de elaboração, treinamento de pessoal e monitoramento dos espaços de estacionamento nas ruas.
É bom ressaltar que a empresa só fará o monitoramento. Ela não vai se responsabilizar por eventuais danos aos veículos.
E aí volta aquela velha pergunta: por que pagar por este serviço se a segurança não é garantida?
A antipatia do natalense a esse tipo de cobrança é notória. Lembram do malfadado Parquímetro implantado e logo depois retirado pelo então prefeito Carlos Eduardo no Alecrim, há cerca de dez anos?
Pois é. A população e o comércio em geral têm horror a esse tipo de cobrança porque não vêem vantagem nela. As pessoas acham que estão sendo achacadas. Elas ficam com a impressão de que estão pagando por um serviço e não estão recebendo nada em troca. E quando há qualquer problema - dano ou roubo do veículo - os responsáveis pelo serviço - empresa terceirizada e a prefeitura - não estão nem aí.
Olha, por conta do fracasso do Parquímetro do Alecrim, eu acho que essa discussão tem de ser debatida à exaustão por nossas autoridades nos diversos fóruns, principalmente na Câmara Municipal de Natal, na imprensa e no comércio.
Não dá para implantar um projeto de cima para baixo, sem ampla discussão. Cadê o projeto de implantação de estacionamentos privados em vários pontos da cidade, tão propagado no início desta gestão? Cadê?
A Prefeitura de Natal não pode simplesmente terceirizar as vias públicas, permitir uma cobrança de taxa e tirar a dela da reta, não. É preciso discutir o assunto com os munícipes. Afinal, somos nós que vamos a pagar a conta. Mais uma.
Será que os mais 90% dos natalenses que desaprovam a gestão da prefeita Micarla de Sousa concorda com a terceirização das ruas de Natal?
Eu acredito que eles não concordam, não.
Diógenes Dantas