O ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) foi convidado por vereadores a prestar esclarecimentos sobre as contas do seu último ano de gestão [2008].
Eu acho pouco provável que o ex-prefeito aceite o convite da Comissão de Justiça da Câmara após as palavras pouco elogiosas que proferiu contra vários deles.
Carlos Eduardo Alves deu demonstração de destempero ao falar assim no Twitter, no último sábado:
"Partindo do mesmo lugar, lá vem eles pelo mesmo caminho. São falsários e mentirosos contumazes... Valem tanto quanto um palito de fósforo queimado.
Não tenho culpa se seus respectivos candidatos estão com média de 3 por cento em todas as pesquisas de intenção de votos em Natal....pior, a rejeição deles é quatro vezes maior do que a intenção de votos.
Repito, não tenho culpa disso, PT e DEM juntos, unidos e abraçados no mesmo tapetão em Natal. Protagonizam a politicagem da semana".
As palavras de Carlos Eduardo Alves são duras e deselegantes. Elas não atingem apenas os vereadores. Elas atacam a instituição, a Câmara Municipal de Natal.
Numa só frase, Carlos Eduardo agride, acusa e desqualifica os adversários. Chamar alguém de "palito de fósforo queimado" é o mesmo que dizer que alguém não vale nada, não presta. "Falsários e mentirosos" são alcunha de estelionatários. É linguagem de mesa de botequim na disputa de um jogo de cartas ou de sinuca [com todo respeito aos jogadores].
Desde a rumorosa Operação Impacto, que implodiu a carreira de vários políticos e condenou outros na Justiça, Carlos Eduardo Alves sente-se acima do bem e do mal e não esconde o desprezo pela Câmara Municipal de Natal, sede do poder legislativo que terá de conviver e respeitar no caso de eleição em outubro, afinal, é no legislativo que o chefe ou a chefe do Executivo encaminha e tenta aprovar os projetos de interesse da sociedade.
Aliás, Carlos Eduardo Alves tem se achado eleito. Ao mencionar a baixa intenção de votos e a alta rejeição de alguns concorrentes na eleição de Natal, ele passa a impressão de que paira sobre todas as candidaturas e que já está eleito. Não é bem assim. Não existe governador em férias, não existe prefeito em férias. Ele terá de passar pelo árduo caminho da campanha eleitoral para tentar alcançar seu objetivo: suceder a criatura que criou, a atual prefeita Micarla de Sousa (PV).
Nesta fase de pré-campanha, Carlos Eduardo Alves vem colecionando declarações polêmicas e chulas. A da veadagem, numa referência aos políticos carismáticos, já entrou para os anais das campanhas eleitorais, sem trocadilho ou segunda intenção da minha parte. Desprovido de carisma, Carlos Eduardo escorregou no vernáculo com uma declaração de viés homofóbico. E pode perder apoios e votos por conta deste escorregão.
Carlos Eduardo está me lembrando o Ciro Gomes na eleição presidencial de 2002. Bem cotado naquela campanha e com chances de vitória, Ciro Gomes não segurou a língua e caiu nas pesquisas por causa de declarações destemperadas contra as mulheres e adversários políticos. Carlos Eduardo precisa ter cuidado com a "sídrome do Ciro Gomes".
O tom agressivo do pré-candidato do PDT denota muita ansiedade e pouca paciência com o processo eleitoral. E olha que a campanha ainda não começou, hein!
Para Carlos Eduardo, se fosse possível, não haveria sequer eleição. Bastaria alguém nomeá-lo prefeito novamente levando em consideração as pesquisas de opinião e a percepção de ser o anti-Micarla. Mas a regra é clara, como diz o Arnaldo César Coelho, o candidato precisa passar pelas urnas. Político não escapa de campanha eleitoral.
Diógenes Dantas