sábado, 10 de novembro de 2018

Paulo Guedes chocou senadores com 'carteirada'

A relação entre o tutor do presidente eleito, Jair Bolsonaro, no campo econômico e o Senado não começou nada bem. 

Ao menos é que se nota na conversa entre o próximo ministro da economia e o atual presidente do Congresso, Eunício Oliveira (MDB-CE). 

O teor e o clima da conversa foi revelado pelo repórter Severino Motta do BuzzFeed News. O primeiro contato entre Guedes e Eunício começou de modo ameno e acabou se tornando ríspido. “Se o sr. acha que vai ser tumultuado ano que vem, imagina como vai ser esse ano. O que eu puder fazer para ajudar, estou pronto…”, disse Eunício. 

O senador ainda revela que Guedes estava completamente focado na Reforma da Previdência e que disse que a aprovação do Orçamento não ‘era importante’. 

Eunício ainda disse que lembrou Guedes que a pauta é pré-requisito para o recesso parlamentar segundo a Constituição. “Ele me disse: ‘vocês não aprovam orçamento, orçamento eu não quero que aprove não’. Mas não é o senhor querer, a Constituição diz que só podemos sair em recesso após a aprovação.” Guedes ainda ameaçou o senador se a reforma da previdência não entrasse na pauta. “‘Não, eu só quero Reforma da Previdência. Se vocês não fizerem vou culpar esse governo, vou culpar esse Congresso e o PT volta, e vocês vão ser responsáveis pela volta do PT”, teria esbravejado.  

A resposta de Eunício teria sido lacônica. “Democracia é o melhor regime para se viver no mundo, mas ela é complicada mesmo, é difícil, ministro”. 

 Após conversa tensa, Guedes voltou a pressionar —dessa vez diante da imprensa— de que o Congresso deveria levar uma ‘prensa’ para aprovar a reforma da previdência. “E ele foi lá para a porta (do Ministério da Fazenda) e disse que tem que dar uma prensa. Eu digo que aqui ninguém dá prensa. Aqui você convence, discute, ganha perde, agora prensa ninguém vai dar em mim”, disse Eunício ao BuzzFeed. 

Outro Bolsonarista que irritou o presidente do Senado foi o deputado eleito Luís Philippe de Orleans e Bragança (PSL). Ele chamou Eunício de “pato manco”. “Apareceu um bobinho aí, Orleans e Bragança, monarquista nesse Brasil, dizendo que sou pato manco. Pato manco é quando tem outro para botar no lugar. Eu não tenho ninguém eleito e posso até influenciar na eleição do próximo presidente [do Senado]. Até dia 31 de janeiro, quando termina meu mandato, não tem outro presidente eleito. Ele está ainda no Império, nós estamos numa democracia”, comentou o senador.
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