A sessão da Câmara Municipal de Natal ontem (3) foi digna de roteiro de João Emanuel Carneiro, autor da novela global "Avenida Brasil".
O plenário e as galerias da CMN lembravam a casa do Tufão e da Carminha, onde há muito bate-boca, muita gritaria, muitas cenas de traição, muito empurra-empurra e onde o pau come.
Ontem, dia de votação de abertura de impeachment de Micarla [mais uma], nova lei dos postos [mais uma] e da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias], o clima estava exageradamente tenso. Ninguém se segurava.
Antes da sessão, um conhecido assessor da prefeita Micarla de Sousa trocou agressões verbais e quase físicas com a mulher de um vereador. Quase quebra a alça do sutiã.
O moço com os nervos à flor da pele foi expulso por seguranças da CMN. Deu B.O. (Boletim de Ocorrência) policial.
Envolta em mais um caso de polícia, a Prefeitura de Natal, em nota oficial e sem ter coisa melhor para fazer, saiu em defesa do sub do sub do sub secretário-adjunto de alguma coisa da extramamente mal avaliada gestão da prefeita Micarla de Sousa. Uma comédia.
Depois de registrar o B.O., o moço-pitbul voltou para as cercanias da Câmara Municipal de Natal, onde voltou a fazer barulho.
Em seguida, os vereadores quase chegaram às vias de fato. Júlio Protásio acusou Edivan Martins, o presidente, de falta de firmeza diante da claque da prefeita.
Irritado, Edivan pediu respeito ao colega Protásio. Heráclito perguntou se o Protásio que estava na sessão do impeachment era o mesmo que se beneficiou dos cargos da prefeita.
Protásio rebateu indagando se o Heráclito que ali estava não era o mesmo que se elegeu pela oposição.
Os ataques verbais não pararam por aí.
Enildo Alves acusou o PT e Fátima Bezerra de boicotarem Natal nos últimos quatro anos, mexendo com os brios do petista Fernando Lucena.
O petista, aos gritos, defendeu seu partido, lembrando o naufrágio do Titanic, segundo ele, a imagem da aministração de Micarla. Um drama com ar de comédia pastelão.
O tom dos discursos foi elevado. Muita gente votou a favor ou contra Micarla aos berros. Alguns falando fino e outros falando grosso. Parecia discussão de botequim.
Após a votação da abertura do impeachment da prefeita, negada mais uma vez, havia tempo para um "gran finale". E para um gran finale de barraco de novela, nada melhor que um desmaio.
Pois é. Teve desmaio.
Uma assessora da Câmara desmaiou no final da sessão, provocando novo tumulto, novo empurra-empurra, nova troca de agressões e emeaças entre os vereadores, assessores e seguranças.
Outra cena de comédia pastelão.
A Câmara Municipal de Natal viveu ontem seu dia de novela "Avenida Brasil". As cenas da sessão desta terça-feira não ficaram atrás das que estão sendo gravadas com a família do Tufão e da Carminha, aliás, dois personagens que já caíram na graça da eleição em Natal.
O Divino, bairro suburbano da novela de João Emanuel Carneiro, é aqui!
Desse jeito fica difícil separar o que é ficção e o que é real no dia a dia das pessoas. Afinal, a vida quase sempre imita a arte.
Diógenes Dantas
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