O italiano Cesare Battisti alegou, em depoimento, que a Polícia Federal brasileira o conduziu para o avião que o extraditou da Bolívia.
Ele tenta fazer com que sua pena na Itália, que é perpétua, seja reduzida a 30 anos devido ao acordo de extradição com o Brasil.
Battisti foi ouvido ontem (14), pela primeira vez desde que chegou à Itália, em janeiro.
No depoimento, Battisti, que é considerado "terrorista", contou que estava "subindo a escada" de um avião da "Polícia Federal brasileira", conduzido por "sete agentes" brasileiros, quando "houve uma espécie de reunião secreta" entre os agentes brasileiros e bolivianos.
"Ao fim, o avião brasileiro partiu sem mim e, depois, chegaram os policiais italianos", afirmou.
Segundo seu advogado, Davide Steccanella, "as modalidades referidas pelo detento, transferido praticamente na pista do aeroporto [de Santa Cruz de la Sierra], de um avião brasileiro para um italiano, confirmam que se tratou de uma mera entrega direta à polícia italiana de um sujeito extraditado pelo Brasil". "Dessa forma, deve ser aplicada a pena da extradição", pediu Steccanella, que defende Battisti junto com o advogado Gianfranco Sollai.
No depoimento, Battisti também disse que viajou à Bolívia em dezembro de 2018 para encontrar "colegas para o projeto de um livro". "Fiquei na Bolívia no Natal e no Ano Novo. Fui preso em 12 de janeiro", relatou.
"Eu residia no Brasil com documentos legais. Trabalhava e tinha uma família (esposa e filho). Trabalhava no ambiente editorial, como escritor e tradutor. Escrevia artigos jornalísticos sobre eventos culturais. Os meus documentos me permitiam sair do Brasil e isso aconteceu várias vezes. Estive na Argentina, no Uruguai e na Bolívia", defendeu-se.
Battisti foi interrogado devido ao pedido da defesa para comutar sua sentença de prisão perpétua para 30 anos de cadeia.
A decisão da Corte de Apelação de Milão deve ser anunciada na próxima segunda-feira (18), mas caberá recurso.
O pedido da defesa de Battisti se baseia em um acordo de extradição entre Brasil e Itália, que prevê que pessoas entregues para a nação europeia cumpram pena máxima de acordo com a legislação brasileira, que é de 30 anos.
A defesa tenta provar que Battisti foi extraditado pelo Brasil, enquanto as autoridades italianas alegam que ele foi expulso da Bolívia.
Steccanella afirma que, devido à ausência de documentos relativos à entrega de Battisti à Itália, o único acordo de extradição válido seria aquele com o Brasil.
ANSA
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