É muito maior do que se imagina além das paredes externas da Assembléia Legislativa o esboço de disputa em torno de uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE) que se ensaiou depois que a governadora Rosalba Ciarlini passou a cogitar de trocar com a casa a prerrogativa de preencher a vaga aberta na corte pela aposentadoria do psiquiatra e ex-deputado estadual Alcimar Torquato.
Excluídos os nomes dos sexagenários, time dos deputados estaduais Getúlio Rego (Dem), José Dias (PSD) e Vivaldo Costa (PR) e os menos experientes, porque a lei só permite a nomeação de pessoas com até 64 anos, consta que a vaga já está motivando cabala de votos em que se destacariam pelo menos quatro candidatos, os deputados Antonio Jácome (PMN), Fábio Faria (PHS), Nélter Queiroz e Poti Cavalcanti, ambos filiados ao PMDB.
Observadores acham que os melhores trunfos políticos estariam com Nélter, o candidato que mais teria a oferecer a Rosalba, porque estaria pilotando processo de aproximação rumo a ela e principalmente ao marido e principal conselheiro político dela, o agropecuarista e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, em nome de quem, aliás, o parlamentar passou esta semana a falar a respeito até da sucessão municipal em sua terra.
A Assembléia ainda não é a dona da indicação, que pelo rodízio previsto em lei pertence a Rosalba. O parlamento assumiria a prerrogativa agora porque a Rosalba estaria parecendo mais adequado reservar-se para indicar o sucessor do conselheiro Valério Mesquita, atual presidente do TCE, que completará setenta anos, a idade expulsória, em novembro próximo.
O novo pensamento governamental precisaria de alteração na legislação, algo a ser providenciado pelos deputados estaduais e pela chefe do executivo. A intenção de só nomear seu conselheiro depois de novembro começou a tomar corpo em janeiro como forma de evitar a repercussão negativa e até uma iniciativa jurídica já anunciada por integrantes do ministério público estadual em face do propósito de preencher até 6 de abril a cadeira de Alcimar com a enfermeira Fafá Rosado, prefeita de Mossoró. Com a nomeação, Fafá renunciaria ao mandato, entregando-o à vice-prefeita Ruth Ciarlini. Esta renúncia seria imprescindível para que Ruth, irmã caçula de Rosalba, pudesse tentar, como prefeita, não a eleição, mas a reeleição, como prefeita de Mossoró.
Roberto Guedes