Antes da Semana Santa, o empresários Alcides Fernandes Barbosa, parceiro comercial da Neel Tecnologia, sócia da Inspar no Rio Grande do Norte, prestou um longo depoimento aos promotores [algo em torno de 11 horas] onde relata detalhes das negociações e lobbies envolvendo agentes públicos na frustrada inspeção veicular do Estado.
Alcides Fernandes Barbosa estava preso em São Paulo desde que a Operação Sinal Fechado foi deflagrada há cinco meses. Ele foi transferido para Natal, prestou depoimento aos promotores e foi solto. O teor do seu relato é guardado a sete chaves pelos membros do Ministério Público.
Mesmo sem a confirmação do Parquet, o assunto tem sido tratado como delação premiada.
Segundo as informações de operadores do direito que acompanham o caso, Alcides Fernandes Barbosa reafirmou o pagamento de propina a agentes públicos. E comprometeu vários deles. Entre os políticos com mandato, Alcides Barbosa teria citado os nomes de um senador da República, de um deputado federal e outro estadual.
O acusado na Operação Sinal Fechado também comprometeu gente muito próxima da cúpula do atual governo e da magistratura.
Como se vê, trata-se de um depoimento explosivo e de grande repercussão na sociedade.
A cautela do Ministério Público neste caso deve-se, certamente, ao envolvimento de autoridades de peso e com foro privilegiado.
É preciso saber até que ponto as palavras do empresário Alcides Fernandes Barbosa são verdadeiras. Em entrevista à repórter Virgínia Coelli, o empresário e advogado George Olímpio, acusado de ser o chefe da quadrilha, desqualifica as acusações do parceiro no projeto da inspeção veicular.
George Olímpio, que não teve a mesma sorte do delator e está preso há cinco meses, diz que Alcides Barbosa mentiu sobre valores dos investimentos na Inspar [empresa que ganhou a licitação no RN] e sobre as propinas a políticos.
Quem está falando a verdade? Com a palavra, o Ministério Público.
Diógenes Dantas