Em meio à crise de abastecimento de energia elétrica que ameaça dominar o país – representada, principalmente, pelos apagões que aconteceram durante esta semana no sul e no sudeste –, o Rio Grande do Norte tem mais de 932 MW em potencial energético desperdiçado.
De acordo com levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 32 parques eólicos do estado acumulam teias de aranha em seus aerogeradores há praticamente dois anos.
O potencial é desperdiçado devido aos sucessivos atrasos na entrega das linhas de transmissão de energia. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), responsável pela construção de três linhas de transmissão de 230kV e 500kV no estado, deveria ter entregado as obras em julho de 2012.
Essas linhas levam a energia gerada pelos parques para o Sistema Integrado Nacional (SIN), que abastece todo o território brasileiro.
Em outubro passado, a Chesf apresentou um cronograma ao Governo do Estado que previa a entrega da primeira linha no último dia 2 de fevereiro. Atrasou de novo.
Segundo as informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), a previsão é que a linha que liga as subestações de Extremoz a João Câmara seja energizada dia 21 de fevereiro.
A linha pode atender até 27 parques das cidades de João Câmara, Parazinho e Pedra Grandes, que possuem um potencial de produção avaliado em 740 MW.
Neste um ano e meio de parques parados, estima-se que o RN tenha deixado de ganhar até R$ 1,6 bilhão que seriam gerados durante a operação dos parques na região.
Esse dinheiro circularia durante a construção e operação dos parques devido a compra de materiais, contratação de mão de obra e arrecadação de impostos.
O cálculo foi feito pelo Centro de Estudos em Recursos Naturais e Energia (Cerne/RN) em 2012, segundo o qual se previa um investimento de até R$ 4 milhões a cada 300 gigawatts instalados e gerados.
No período em que os parques ficaram parados, a União também perdeu dinheiro. Isso porque, segundo o antigo regulamento dos leilões de geração de energia, se as empresas geradoras concluíssem os parques e não encontrassem formas de escoar a produção, elas teriam que ser ressarcidas pelo Governo Federal.
O valor varia de acordo com a capacidade do parque eólico e do tempo que ele esteve parado. Entretanto, segundo matéria divulgada nesta semana pela imprensa nacional, o governo já desembolsou R$ 285 milhões por apenas um parque parado na Bahia, gerido pela Renova Energia.
A Aneel não reconhece o número.
Esse mesmo gasto, entretanto, é diluído e pago pelo consumidor final: de acordo com estudo feito pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), o potiguar já pagou R$ 240 milhões.
JH