Por mais que se queira firmar o caráter técnico da apreciação das contas do último ano de gestão do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT), a votação na Câmara Municipal de Natal foi marcada por uma decisão política. De todos os lados.
A despeito do relatório do vereador Enildo Alves (DEM) ter apresentado boa argumentação técnica contrária à prestação de contas do ex-prefeito, evidenciou-se a motivação política desde o início do processo.
Cabe à Justiça agora considerar válida ou não a decisão da maioria da CMN que desaprovou as contas de Carlos Eduardo Alves sob o argumento de que houve irregularidade no saque de recursos previdenciários; que a venda da conta única ao Banco do Brasil e o uso dos recursos (R$ 40 milhões) sem rubrica orçamentária ocorreram de modo inapropriado; e que o ex-prefeito descumpriu a lei ao assinar gratificações, nomeações e incorporações em período vedado por lei.
Este é o conjunto de elementos do ponto de vista técnico.
O que eu quero ressaltar é o aspecto político da decisão. Em qualquer casa legislativa, a apreciação de matérias é marcada pelo debate político. As informações técnicas embasam a argumentação política. Raramente, prevalecem. São instrumentos de convencimento. O voto é eminentemente político.
Diante da praxe de aprovar as contas dos gestores [de todos, em qualquer época], observamos neste episódio o claro interesse de julgar as contas de um político que lidera as pesquisas de opinião no ano eleitoral.
Se Carlos Eduardo Alves não fosse candidato, certamente, suas contas passariam despercebidas.
Os fins justificam os meios, já dizia Paulo Salim Maluf, arauto da imoralidade política.
Na análise das contas do último ano de gestão de Carlos Eduardo, os adversários dele descobriram os meios para enfraquecê-lo no embate político.
Se possível, abatê-lo.
Na votação da semana passada, verifica-se o interesse político de todos, sem exceção. De quem votou a favor e de quem votou contra o ex-prefeito.
Políticos ligados a Micarla de Sousa (PV), defensores de outras candidaturas à Prefeitura de Natal e gente que não engole o ex-prefeito [Carlos Eduardo xinga e menospreza os vereadores há tempos, desde os anos de sua gestão] se juntaram para desaprovar as contas.
O voto de cada foi dado para atender a interesse político, legítimo ou não.
Como também foi político o voto de cada um dos políticos que se alinharam a Carlos Eduardo Alves. Vejamos:
Sargento Regina votou com o partido, o PDT, cujo líder é Carlos Eduardo.
Voto político.
Raniere Barbosa, do PRB, ex-secretário de Carlos Eduardo, é o fiel escudeiro do exprefeito na CMN. Voto político.
George Câmara, do PCdoB, aliado de Carlos Eduardo no pleito de Natal, votou politicamente.
Júlia Arruda, cotada para ser vice de Carlos Eduardo, Júlio Protásio, acertado com Carlos Eduardo, e Fraklin Capistrano, obediente a Wilma, também votaram politicamente.
Aliás, o pedido da ex-governadora Wilma de Faria em favor de Carlos Eduardo foi eminentemente político. O voto do PSB foi o mais político de todos.
Portanto, na votação da semana passada prevaleceram os interesses políticos. Ou politiqueiros, como desejam alguns.
No mundo da política, meu caro leitor, debate ou voto técnico é conversa para boi dormir.
Diógenes Dantas
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