A Operação Catilinárias, deflagrada nesta terça-feira, 15, pela Polícia Federal, evoca a série de discursos do cônsul Marco Túlio Cícero contra o nobre conspirador Lúcio Sérgio Catilina, que planejava derrubar o governo romano em 63 antes de Cristo.
As “catilinárias” são consideradas obras primas da retórica. Um dos trechos mais célebres, revisitado hoje, parece ter profetizado o Brasil de Eduardo Cunha e Dilma Rousseff.
Investigado na Operação Lava Jato, Cunha é o principal articulador do processo de impeachment da presidente.
Na Câmara, manobra sucessivamente para evitar o andamento de seu processo de cassação, em curso no Conselho de Ética. É criticado por usar o cargo para evitar a perda do mandato e de trair a confiança dos pares.
“Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?”, diz um dos trechos mais conhecidos das catilinárias.
Nos discursos, Catilina é descrito como um homem desmascarado, mas que resiste em sua campanha anarquista e supostamente contrária ao interesse público. “Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem o temor do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te? Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?”, questiona outro trecho.
No Conselho de Ética, Cunha é é acusado de mentir aos pares ao dizer aos pares que não mantinha contas na Suíça. As investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) mostram que parte do dinheiro mantido no exterior teria sido desviado de um contrato da Petrobrás.
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário