A trégua ensaiada entre os presidentes da República, Jair Bolsonaro (PSL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), depois de dias de bate-boca não desfez o temor entre parte dos deputados com as consequências do desarranjo político do governo.
Congressistas de direita e centro-direita passaram a semana manifestando preocupação com a forma como o Executivo, em especial Bolsonaro, trata o Legislativo.
O presidente fez provocações públicas a Maia, que retribuiu. As discussões envenenaram o ambiente político e as expectativas do mercado.
Na quinta-feira (29), a disputa arrefeceu, mas o ceticismo permanece.
Sem esforço de Bolsonaro para organizar uma base aliada para aprovação da reforma da Previdência, deputados dizem que ele flerta com o caos na intenção de desmoralizar o Congresso perante a opinião pública.
A exoneração do funcionário do Ibama que multou Bolsonaro por pesca irregular, a demissão da presidente da Embratur e dois diretores e a desautorização do ministro Sergio Moro na indicação de Ilona Szabó para a suplência de um conselho são, para alguns deputados, indícios de autoritarismo do presidente.
Com indicadores econômicos ruins, como o aumento do desemprego para 13,1 milhões de pessoas, e popularidade em queda, o governo terá mais dificuldades para mobilizar a população a seu favor. "O povo não quer saber de ideologia, o povo quer saber de resultado", afirmou Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da maioria.
NM
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