Estreante em novelas, mas há 20 anos se apresentando pelos palcos do país, nem a própria Titina Medeiros, 35, imaginava que faria tanto sucesso na pele da incorrigível Socorro em "Cheias de Charme" (Globo).
A atriz revelou que acredita numa reviravolta de sua personagem e contou como está sendo a primeira experiência em televisão.
- Você se inspirou em alguém para compor a Socorro?
Me inspirei em duas pessoas, mas uma não quero falar o nome porque é da minha família, uma pessoa muito íntima, mas que reconhece que tem umas coisas dela na Socorro. E a outra é de um vídeo que vi na internet --que eu adoro--, que se chama "Duelo de Titãs - Travesti Gisela". Meu sonho é conhecer essa pessoa. É um transexual que tem a autoestima como a da Socorro, que sempre acha que se sai muito bem. Mas nenhuma dessas pessoas tem o mau-caratismo da Socorro, apenas os trejeitos.
- Uma vidente falará para a Chayene [Cláudia Abreu] que uma pessoa tomará tudo dela, mas a cantora acredita que é a Rosário [Leandra Leal]. Não seria a Socorro?
Eu acho que é a Socorro. Não sei muito ainda, mas acho que a Socorro vai dar uma reviravolta. No dia que a Rosário apareceu na casa de Chayene e fez comida para ela, foi a Socorro que a serviu. E a Chayene não lembra disso. E a Socorro já disse algumas vezes que ela vai ser dona de tudo aquilo. Isso me confunde, me faz pensar se ela é bobinha, ingênua, ou se mostra como ingênua pra depois dar o bote. Acho que ela é iludida, só quer o sucesso. Acho que ela vai se revelar.
- E o que você está achando do texto dos autores?
Acho a novela muito dinâmica, com cenas curtas. Os autores deixaram muito espaço para o público criar. Eles não precisam explicar muito. No teatro tem muito isso. E essa coisa da leveza, da caricatura. Eu adoro.
- Como está sendo essa experiência na TV?
Pra mim ainda está sendo bem difícil. Estou fazendo com alegria, estou muito feliz, mas é difícil por ser o primeiro trabalho, por ser um personagem de muita responsabilidade pra quem faz pela primeira vez. Mas estou me jogando. Não fico criando dificuldades.
- Como você começou na arte?
Sou do sertão do Rio Grande do Norte, de uma cidade muito pequena chamada Acari, e até os 16 anos não conhecia o teatro. Eu queria ser musicista, estudava trompete, e jornalista, que é a minha formação acadêmica. Quando assisti a Maria do Céu Guerra no espetáculo "O Pranto de Maria Parda", na capital, eu saí dali com a certeza de que queria fazer o que ela fazia. Então comecei a estudar teatro e com 19 anos já ganhava dinheiro com isso. Encontrei o [grupo] Clowns de Shakespeare e é onde estou até hoje.
- Mas você ainda pertence ao Clowns de Shakespeare?
Esse ano a gente está com espetáculo "Sua Incelença, Ricardo III". Como vim fazer novela estou sendo substituída, porque me avisaram de cara que não dava para conciliar teatro e TV, mas já estou morrendo de saudade.
- E como está o circuito cultural em Natal?
Está muito sofrida a cultura do meu Estado. Quando há festivais as casas de espetáculo têm, em media, 80% de público, mas estamos num lugar muito triste porque a prefeita destruiu nossa cidade. E ainda entrou uma governadora igual. O Rio Grande do Norte está no momento de falência muito grande. O que nos mantém são os editais públicos, e como o grupo já tem uma história a gente consegue sobreviver. Essa coisa de eu estar na Globo bate para o potiguar como um motivo de orgulho. Eles dizem "pelo menos ela". Sou muito apaixonada pela minha terra, mas falta aquele incentivo. O público potiguar nem sabe que existe tanta gente boa. Temos muita qualidade.
Folha - F5
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