quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Para conter crise, Bolsonaro esperava que Bebianno pedisse demissão

O ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil, atribuiu ao pouco tempo de governo a nova crise aberta pelas denúncias contra o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) e a reação do filho do presidente, Carlos Bolsonaro, nas redes sociais nesta quarta-feira (13). 

Carlos escreveu que Bebianno mentiu ao dizer que falou três vezes com o presidente, Jair Bolsonaro, na terça-feira (12), expondo o desgaste do auxiliar presidencial com a família Bolsonaro. 

Bebianno está no centro de uma crise envolvendo suspeitas de corrupção no partido do presidente, do PSL. Reportagens da Folha de S.Paulo mostraram que o PSL repassou valores relevantes a candidatos laranjas nos últimos dias de campanha. Bebianno teria ordenado os repasses, inclusive para uma ex-assessora, que recebeu R$ 250 mil. 

As denúncias riscam a principal vitrine do governo Bolsonaro, que se elegeu com a promessa de combater a corrupção na política e de acabar com práticas criminosas cometidas por partidos rivais no passado, como o financiamento ilegal de campanha feito pelo PT e partidos aliados revelado pela operação Lava Jato. 

Ao ser questionado sobre a sustentabilidade do ministro Bebianno no cargo após as denúncias e o choque com a família presidencial, Onyx afirmou que "ajustes nas relações são normais". 

No entanto, de acordo com a Folha de S. Paulo, não é bem esse o pensamento do presidente Jair Bolsonaro, que teria endossado integralmente o ataque do filho ao ministro. 

Durante viagem entre São Paulo e Brasília, inclusive, chegou a enviar a postagem de Carlos Bolsonaro a aliados, por meio do WhatsApp. Para integrantes do governo, a tática explicitou novamente uma grande fragilidade do presidente. 

Como diz um deputado aliado, se o presidente estava contrariado com Bebianno, que exercesse sua autoridade e o enquadrasse ou demitisse.

Por outro lado, ainda segundo o jornal, ele pondera que Bolsonaro não gostaria de humilhar publicamente o ministro, um aliado leal e que, como presidente interino do PSL comandou sua campanha com acesso a todo tipo de informação confidencial e estratégica. 

Já a ala militar do governo, conforme um integrante desse núcleo, considera inaceitável que um presidente lide com uma grave crise política por meio de vazamento de áudios em rede social. 
NM

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