"Falta consistência, conhecimento, discernimento estratégico” ao presidente Jair Bolsonaro para liderar um plano de combate ao novo coronavírus. A avaliação é do general da reserva Maynard Santa Rosa, ex-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, para quem o incômodo do ex-capitão a ministros competentes advém da insegurança.
As declarações foram dadas em entrevista à revista Época, à qual Santa Rosa, no entanto, disse ver em Bolsonaro “uma pessoa idealista, inteligente”.
“É muito intuitivo, mas não vai conseguir dar a guinada que o Brasil precisa. Ele [no governo] está prestando um serviço ao país. Depois vai ter de vir alguém com mais consistência para colocar o barco na rota. O presidente tem uma personalidade um pouco rebelde. Por um lado, pode ser bom. Por outro lado, tem esses inconvenientes. Ele teve o mérito de tirar o PT e ensejar uma mudança de ares no país. Entendo que esse governo, presidido por ele, está numa transição. Ele não tem um projeto”, admitiu.
Questionado sobre a atuação do presidente ante a crise gerada pela pandemia de coronavírus, Santa Rosa definiu: “Ele não tinha noção do problema. Agora, já faz um juízo mais adequado da situação e demonstra que tomou uma posição”, comentou. “É importante que ele esteja à frente de tudo, acho que já se recuperou dessa indecisão. Antes, foi uma espécie de imaturidade. Cabia ao presidente apoiar o ministro Luiz Henrique Mandetta e ajudá-lo a reforçar, validar o que ele estava fazendo, e não se contrapor a ele. Como ele [presidente] mostrou ambiguidade, e viu que não deu certo, caiu em si”, completou.
O general também confirmou que o presidente se incomoda demais quando um ministro se destaca – como ocorrera com o titular da Justiça, Sergio Moro, meses atrás. “Senti isso. De memória, só me lembro do caso do ministro Sergio Moro. Isso para mim significa insegurança”.
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