Proclamado quase que por unanimidade por correligionários para ser novamente o candidato do PMDB a governador nas eleições do próximo ano, o ministro Garibaldi Alves pediu na reunião que o seu partido realizou com a finalidade de “construir uma aliança forte para 2014 e definir que o partido terá candidato a governador em 2014″, que esqueçam o seu nome.
Nestes quase 30 anos de jornalismo, nunca na história política deste estado vi um político ser aclamado por correligionários e ter seu nome elevado a condição de candidato a governador solicitar que esqueçam isso.
O que levaria, então, Garibaldi a se emocionar na reunião do PMDB durante a sua fala?
Primeiro, ele sabe que dos três nomes postos no partido para disputar à sucessão estadual – o próprio, mais o de Henrique Alves e Walter Alves, seu filho – o dele, sem dúvida nenhuma, é o mais competitivo e até em condições de ganhar.
Como não deseja ser o candidato ele aponta o primo, Henrique, para a missão e diz que se Walter quiser ser o candidato não fará objeção, mas prefere que isso não aconteça.
Lembra ainda que o PMDB tem que conversar com outros partidos para só então tomar uma decisão. Quando fala assim, certamente está pensando no nome do prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT).
Segundo, sabedor do seu grande capital eleitoral que poderia levar o PMDB a uma vitória nas urnas e, vencendo as eleições, tentar tirar o Rio Grande do Norte da crise, Garibaldi ao pedir aos correligionários que esqueçam o seu nome talvez tenha chorado com o peso na consciência.
Ou seja: Gari, como é carinhosamente chamado pelos amigos, não quer ser o “Salvador da Pátria”, mas o seu nome está sendo elevado a isso. E ele tem consciência disso.
Terceiro, Garibaldi não quer passar novamente pela experiência negativa que teve quando saiu candidato a governador contra Wilma de Faria (PSB), tendo como sua companheira de chapa majoritária a então candidata ao Senado, Rosalba Ciarlini (DEM), hoje governadora do estado.
Resultado: a eleição para governador foi a segundo turno. Rosalba já eleita senadora não se esforçou o suficiente para levar Garibaldi a ganhar a eleição. Prova maior disso é que no primeiro tuno Garibaldi ganhou em Mossoró para Wilma. No segundo turno Wilma inverteu a situação e se elegeu governadora ganhando também na cidade natal de Rosalba.
Como se fala numa “chapa dos sonhos” tendo ele como candidato a governador e a deputada federal Fátima Bezerra (PT) candidata ao Senado, Gari teme o efeito Orlof, ou seja, Fátima ser a Rosalba amanhã, já que muitos no PMDB fazem a leitura de que a petista se elegendo senadora, num eventual segundo turno o PT cruzaria os braços, ainda mais se Garibaldi tiver como adversária a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria.
Por último, Garibaldi já está com 66 anos, com a saúde um pouco debilitada, um dos motivos, senão o principal, de não querer ir para uma eleição que é muito desgastante e, principalmente, em ganhando o pleito ter que administrar um estado literalmente quebrado.
O esforço em reconstruí-lo, além das cobranças dos correligionários, que é natural, por cargos, tem levado o ministro da Previdência, mesmo que tenha que deixar o ministério, a preferir ficar mais quatro anos no céu do Senado.
Coluna do Barbosa
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