quinta-feira, 4 de junho de 2015

Afiliada InterTV Cabugi demite âncora em “retaliação tardia” por greve

Em 10 de dezembro de 2014, os jornalistas do Rio Grande do Norte viveram um dia triste, mas histórico: todos foram trabalhar de preto devido aos baixos salários que a categoria recebe no estado. 

Conhecido como “quarta negra”, todos os apresentadores e repórteres de todas as emissoras de RN se colocaram de “luto” pela não valorização da profissão. 

O estado nordestino tem o pior piso salarial de jornalistas para o Brasil: cerca de R$ 1.225,80. O Sindicato dos Jornalistas do estado defende um aumento de quase mil reais (R$ 2.172,00) e também uma melhora nos benefícios, como vale-alimentação, auxílio-creche, licença-maternidade de seis meses e vale-cultura. 

Porém, os patrões negaram e ofereceram apenas um pequeno aumento salarial de 6%, que iria fazer o salário ir para cerca de R$ 1.414,00. Um dos jornalistas que mais reclamaram da situação foi o âncora do “RNTV – 1ª edição”, da InterTV Cabugi, afiliada da Globo, Matheus Magalhães. 

Um acordo foi conseguido na época e a greve não chegou a ser deflagrada. Mas ao que consta, as rusgas ficaram. Na manhã desta quarta-feira (03), Matheus foi surpreendentemente demitido da emissora. A informação foi confirmada pelo mesmo, em sua página no Facebook. 

O fato foi tão surpreendente, que nesta terça (02) a volta do âncora jornal, depois do seu mês de férias, foi anunciada pelo seu substituto, Marksuel Figueiredo. Segundo apurou o NaTelinha, com fontes dentro da própria InterTV Cabugi, o motivo foi claro: Matheus foi demitido por ter reclamado demais na época da “quarta negra” e a retaliação aconteceu agora, de forma tardia. 

Na sua página na rede social, o jornalista desabafou: “Bom dia, gente! Tem alguém aí esperando o pretinho aqui aparecer na televisão? Me perdoem mas hoje não vai dar. Fui demitido da InterTV Cabugi. Imagino o que foi, mas disseram que não foi o que eu imagino. Entendeu? Eu também não. Mas relaxa. Tô triste, mas tô bem. As lágrimas são porque é difícil deixar de fazer (temporariamente) aquilo que a gente gosta e mais difícil ainda se despedir de uma família. Em quase três anos lá, ganhei muito mais que amigos. E agradeço a cada um deles pela parceria e pelos ensinamentos diários. Que Deus proteja vocês! Saio pela porta da frente, de cabeça erguida, com a certeza que dei o meu melhor. Fui honesto com tudo e todos, do jeito que meus pais me ensinaram. Agora é hora de aproveitar meus 25 anos pra estudar e crescer, voar mais alto”. 

Vale ressaltar que este é o terceiro grande nome que sai da InterTV Cabugi por conta de rusgas pela questão do que aconteceu em dezembro do ano passado. 

A jornalista Margot Ferreira, âncora mais antiga e respeitada do estado, chateada com a forma como as negociações ocorreram, saiu do canal e aceitou uma proposta da sua maior concorrente, a TV Ponta Negra/SBT. 

Depois, a repórter Larisse de Souza também deixou a InterTV por conta dos ideais que tinha pelo baixo salário. Procurado pela nossa reportagem para comentar o assunto, Matheus ainda não respondeu aos contatos. A InterTV Cabugi, também procurada, chegou a atender um de nossos telefonemas, mas ao descobrir o assunto, desligou a linha e não atendeu mais. 
NE10/UOL

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