terça-feira, 18 de junho de 2019

Novos vazamentos indicam incômodo de Moro com investigação contra FHC

Do site IG

O site The Intercept Brasil publicou, na noite desta terça-feira (18), novos vazamentos de conversas entre o ex-juiz federal Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. 

Nos trechos revelados, o atual ministro da Justiça e Segurança Pública revela incômodo com uma investigação da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). 

De acordo com os trechos vazados, Moro não vê motivo para uma investigação contra a FHC que se trata de uma denúncia de Caixa 2 em 1996. 

De acordo com o ex-juiz, o caso já devia estar prescrito e é "questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante". 

O diálogo, segundo o site, aconteceu no dia 13 de abril de 2017, um dia após o Jornal Nacional, da Rede Globo, noticiar a investigação da Lava Jato contra o ex-presidente tucano. 

A conversa foi feita em um chat privado do Telegram. Moro pergunta se as investigações contra Fernando Henrique realmente eram sérias e se não estariam prescritas. 

Deltan Dallagnol responde que o que se tem é fraco e foi enviado para a Justiça de São Paulo. O procurador ainda diz que entende que a investigação contra o ex-presidente deva ser proposital para "passar recado de imparcialidade". 

Veja os trechos revelados pelo The Intercept Brasil: 

Moro – 09:07:39 – Tem alguma coisa mesmo seria do FHC? O que vi na TV pareceu muito fraco? 

Moro – 09:08:18 – Caixa 2 de 96? 

Dallagnol – 10:50:42 – Em pp sim, o que tem é mto fraco 

Moro – 11:35:19 – Não estaria mais do que prescrito? 

Dallagnol – 13:26:42 – Foi enviado pra SP sem se analisar prescrição 

Dallagnol – 13:27:27 – Suponho que de propósito. Talvez para passar recado de imparcialidade 

Moro – 13:52:51 – Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante 

Teoricamente preocupado após as perguntas de Sérgio Moro, Dallagnol enviou perguntas em um grupo chamado "Conexão BsB-CWB", o qual procuradores de Brasília e Curitiba são membros. 

Dallagnol – 11:42:54 – Caros o fato do FHC é só caixa 2 de 96? Não tá prescrito? Teve inquérito? 

Sérgio Bruno Cabral Fernandes – 11:51:25 – Mandado pra SP 

Sérgio Bruno Cabral Fernandes –11:51:44 – Não analisamos prescrição 

Em outra conversa revelada pelo The Intercept Brasil , do dia 17 de novembro de 2015, o procurador Rodrigo Pozzebon, também membro da força-tarefa da Lava Jato, sugere que uma investigação contra FHC irá acabar com as acusações de que a operação era partidária. “Assim ninguém poderia indevidamente criticar nossa atuação como se tivesse vies partidário”. 

Em 2016, quando o ex-presidente tucano foi citado nas delações de Fernando Baiano, operador ligado ao MDB, novamente os procuradores discutem sobre a chance de criar uma imparcialidade na Operação Lava Jato: 

Dallagnol – 09:54:59 – Viram do filho do FHC?

Dallagnol – 09:55:01 – http://pgr.clipclipping.com.br/impresso/ler/noticia/6092614/cliente/19 

Dallagnol – 09:56:20 – Creio que vale apurar com o argumento de que pode ter recebido benefícios mais recentemente, inclusive com outros contratos ... Dará mais argumentos pela imparcialidade... Esses termos já chegaram, Paulo? Esse já tem grupo? 

Paulo Galvão – 10:00:38 – Chegaram vários do Cervero, mas não sei se esse especificamente desceu 

Paulo Galvão – 10:00:59 – Nos temos de qq forma todos os depoimentos na pasta 

Dallagnol – 10:24:20 – Algum grupo se voluntaria? Eu acho o caso bacanissimo, pelo valor histórico. E recebendo naquela época pode ter lavagem mais recente pela conversão de ativos ou outro método como compra subfaturada de imóvel o que é mto comum.... Seria algo para analisar 

Paulo Galvão – 10:26:33 – Deixa ver antes se desceu. Pode ter sido mandado p outro lugar, como os que foram p o rio (e isso é um dos temas q eu quero tratar na reunião). 

Apesar das investigações, o ex-presidente FHC não virou réu em nenhuma das fases da Operação Lava Jato. 

O tucano chegou a prestar depoimentos ao ex-juiz Sérgio Moro nos processos que envolviam Lula. As perguntas foram direcionadas na relação que um presidente poderia ter nos negócios da Petrobras.

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