Adrian Newey é um dos projetistas mais conhecidos da F-1. Com passagens pela McLaren e, atualmente, na Red Bull Racing, o britânico era um dos responsáveis para projetar o carro da Williams no ano de 1994, mesmo ano em que Ayrton Senna chegou à escuderia.
Em sua autobiografia, intitulada "Como Construir um Carro", Newey fala sobre a morte do brasileiro. "Me sentirei sempre responsável pela morte de Senna, mas não culpado", disse.
Junto com Patrick Head, diretor técnico da Williams à época, Newey era o encarregado do desenho do carro FW16 dirigido por Senna que, no Grande Prêmio de San Marino, escapou na curva Tamborello devido a uma falha. "Fui um dos altos executivos de uma equipe que desenhou um carro em que um grande homem morreu", admite.
Ele ainda completa: "Não importa se essa coluna de direção causou o acidente ou não, é impossível esquecer que o eixo era uma peça
desenhada, que nunca deveria ser permitida em um carro".
O engenheiro, então com 36 anos, diz que não estava preparado para construir um carro competitivo para Senna, e que esse fator, fez com que o brasileiro assumisse muitos riscos ao dirigir. "O que eu mais me sinto culpado não é que uma possível falha na coluna de direção foi a causa do acidente, porque esse não é o caso, mas porque eu falhei na aerodinâmica do carro", confessa.
Sobre o erro, ele diz que a instabilidade na aerodinâmica era por causa da transição mal feita na suspensão. "Fiz bobagem na transição entre a suspensão ativa e o retorno à suspensão passiva, e projetei um carro aerodinamicamente instável, no qual Ayrton tentava fazer coisas que não podiam ser feitas. E não fui capaz de fazer isso. Se sofreu um furo, e simplesmente passou mais rápido num carro aerodinamicamente instável, isso tornaria o carro difícil de controlar, mesmo para ele".
Logo após o acidente naquele 1º de maio, a Justiça italiana investigou e exigiu de Frank Williams, fundador e diretor da equipe à época, uma investigação, que absolveu Newey e Head.
Sobre o julgamento, o projetista faz duras críticas ao procurador, Maurizio Passarini. "O fato de a morte de [Roland] Ratzenberger [um dia antes] ter sido tão facilmente varrido para debaixo do tapete fez-me suspeitar que a principal motivação de Passarini era fama e notoriedade pessoal", escreve.
Folha
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