O presidente Michel Temer jogou todas as suas fichas na intervenção federal na área de segurança no Rio de Janeiro e ganhou uma “grande chance” para sonhar com novo mandato presidencial, segundo o marqueteiro dele, o publicitário Elsinho Mouco. “Ele já é candidato”, afirma. “A vela está sendo esticada. Agora começou a bater um ventinho”, comemora.
As informações foram publicadas pelo colunista Bernardo Mello Franco, no jornal O Globo.
Presidente com maior índice de reprovação popular desde a redemocratização do país, Temer aposta alto no enfrentamento do problema da violência urbana para “se recolocar no tabuleiro” e “virar a agenda”, nas palavras do marqueteiro. “Neste momento, o presidente precisa resgatar sua biografia. A eleição é só em outubro. Ainda está muito longe”, disse ao colunista.
De acordo com Elsinho, antes de assinar o decreto, Temer recebeu pesquisas que encorajaram um gesto de impacto contra a violência. Para ele, o presidente partiu para o “all-in”, lance do pôquer em que o jogador aposta tudo de uma vez: “O Temer jogou todas as fichas na intervenção”.
De quebra, observa o publicitário, arrancou a principal bandeira política de Jair Bolsonaro, hoje segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto atrás de Lula. Bolsonaro criticou a intervenção, no primeiro momento, mas, cobrado por seus eleitores, votou a favor da medida na madrugada de terça-feira. “O Bolsonaro se enrolou. Errou feio, como o Ciro Gomes em 2002.”
Conforme o colunista, a pedido do governo, o Ibope fará uma pesquisa telefônica na sexta para medir a aceitação do decreto. O presidente também planeja um novo pronunciamento em cadeia de rádio e TV a pretexto de explicar a criação do Ministério da Segurança Pública.
Para Elsinho, o sucesso da ação militar pode provocar uma reviravolta eleitoral. “Se der certo, até o vampirão da Tuiuti pode virar um atributo positivo”, diz. “Vampirar pode passar a ser transformar, revolucionar”, acrescenta.
Temer foi retratado como um “vampiro neoliberal” no desfile da escola de samba Paraíso da Tuiuti. A agremiação foi vice-campeã no carnaval carioca. Mas a peça voltou sem a faixa presidencial no desfile das campeãs no último fim de semana.
AGRN