sábado, 8 de agosto de 2020

Bolsonaro foi preponderante para termos 100 mil mortes por Covid, diz Mandetta

A postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), contrária a medidas inicialmente indicadas pelo Ministério da Saúde, e as interferências feitas por ele na pasta foram fatores que levaram o país a tirar de foco o distanciamento social e chegar a cerca de 100 mil mortes pela Covid-19. 

A avaliação é do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que deixou o cargo em abril. “Houve uma série de fatores, mas o fator presidente foi preponderante. 

Ele deu argumento para as pessoas não ficarem em casa. Ele deu esse exemplo e serviu de passaporte para as pessoas aderirem politicamente a essa ideia”, afirma. 

Para Mandetta, o alto número de pessoas na economia informal e a pressão causada pelas eleições municipais também pesaram para uma adesão menor ao isolamento. 

“[Prefeitos] veem a popularidade diminuir, e como tem um contraponto político feito pelo presidente, ficam pressionados.” 

Na visão do ex-ministro, o governo também “abriu mão da ciência” e das ações para controle e “ficou em um debate menor, que é a cloroquina”. 

“Foi uma somatória de fatores, mas principalmente liderados pela posição do governo, que trocou dois ministros e botou um terceiro que fez uma ocupação militar sem técnicos na Saúde.” 

Mandetta, que estava à frente do ministério no início da estruturação de medidas contra a Covid-19, afirma ter alertado o Planalto sobre projeções que superavam inclusive o número atual de óbitos.

 

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