Em seu primeiro discurso de Plenário após o retorno dos trabalhos legislativos, a senadora Fátima Bezerra criticou, nesta terça-feira, a “ promoção” do peemedebista Moreira Franco, um dos principais aliados do presidente Michel Temer, como ministro da Secretaria-Geral da Presidência, e a indicação de Alexandre de Moraes, atual ministro da Justiça, para o Supremo Tribunal Federal. Fátima lembrou que alçar Moreira Franco ao status de ministro garantirá a ele foro privilegiado nas investigações da Lava Jato.
Apenas em uma única delação, de um diretor da Odebrecht, Moreira Franco foi citado 34 vezes.
Fátima comparou a situação com a possibilidade de a presidenta Dilma, na época do processo de impeachment, indicar o ex-presidente Lula para assumir o cargo de ministro para auxiliá-la, o que causou indignação generalizada.
No caso de Alexandre de Moraes, a senadora lembrou que o PSDB sempre fez duras críticas ao PT, acusando o partido de partidarizar a máquina pública e agora um integrante de seus quadros pleiteia uma vaga na mais alta corte, o que considera uma contradição.
Fátima leu em Plenário, parte da tese de doutorado de Alexandre Moraes em que ele se coloca contra a indicação de integrantes de governo pelo presidente da República em exercício, já que, em suas próprias palavras, a nomeação poderia abrir espaço para “demonstração de gratidão política ou compromissos que comprometam a independência de nossa Corte Constitucional”.
"Quanta contradição!!! Quanto abuso! Mais uma vez, dois pesos e duas medidas. Agora, mídia, ministros do Supremo e os paneleiros se calam. É uma vergonha o que está acontecendo em nosso país”, lamentou a senadora.
Segundo Fátima, essas atitudes inadmissíveis e a inércia das pessoas em não reagir são desdobramentos do golpe parlamentar que colocou o país em um período de ruptura democrática. “São tempos muito esquisitos, tempos estranhos, que só se explicam pelo desrespeito à democracia e pelo desprezo à soberania popular”, destacou.
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