Os nomes de uma das principais prefeitas do Rio Grande do Norte e o chefe da procuradoria jurídica de seu governo deverão aparecer a qualquer momento na lista de integrantes da quadrilha que desviou mais de cem milhões de reais da conta de precatórios do Tribunal de Justiça potiguar. Seriam a burgomestra de Natal, jornalista e artista Micarla de Souza, e o advogado Bruno Macedo.
Esta é uma das notícias que circularam com mais força nesta quarta-feira, 4, ontem, na sede do Tribunal de Justiça, perdendo em repercussão interna somente para a briga que anteontem opôs num dos corredores da casa os desembargadores Oswaldo Cruz e Rafael Godeiro, acusados de participação no esquema pela serventuária de justiça Carla Ubarana, até à semana passada considerada a líder da quadrilha, e de outro o colega Caio Alencar, presidente da comissão de sindicância que apura o desvio.
A inclusão dos dois eleva em muitos milhões de reais o que seria o verdadeiro montante do desvio de recursos da conta de precatórios do Tribunal de Justiça potiguar. Muitas fontes e meios de comunicação a vinham congelando em quatro milhões de reais, mas os trazidos agora a público recomendam potencializar a carga até chegar perto dos 180 milhões de reais a que eu vinha me referindo desde pelo menos fevereiro. Observando que este terá sido o maior desvio de recursos já cometido no Rio Grande do Norte, fontes do tribunal potiguar dizem que, no âmbito da magistratura, só fica abaixo do legendário caso do "Juiz Lalau" de São Paulo.
Pelo que constava até ontem na corte potiguar, a inclusão da burgomestra e do procurador de prefeitura no rol dos acusados foi feita pelo Tribunal de Contas do Estado e já está, simultaneamente, no relatório que a comissão de sindicância apresentará ao plenário do Tribunal na próxima segunda-feira e em documentos já processados pelos promotores de justiça que integram um grupo especial encarregado de investigar o roubo dos precatórios. Esta comissão é a autora da acusação que ensejou a judicialização do escândalo e responsável pela oferta de delação premiada que teria levado Carla Ubarana a apontar os desembargadores no depoimento que prestou na semana passada em juízo.
Esta coluna tentou a todo custo, identificar ainda ontem os dois novos envolvidos no escândalo, mas o máximo que conseguiu junto a fontes no tribunal e no ministério público foram duas informações. Uma diz que a burgomestra está em seu primeiro mandato, pretendia se candidatar e só desistiu de tentar a reeleição na semana passada, quando rumores sobre conversas e documentos teriam levado o ministério público a seu nome, com a possibilidade de acusá-la a qualquer momento, ao aditar a inicial que ensejou a tomada de depoimentos sobre os precatórios pela justiça, ocasião em que vieram a tona os nomes dos desembargadores Oswaldo Cruz e Rafael Godeiro. A outra informação diz que o medo de ser citada por Carla Ubarana já no depoimento que prestou sexta-feira passada ao juiz José Armando Ponte Dias Junior, titular da sétima Vara Criminal de Natal, elevou drasticamente a pressão da burgomestra, obrigando-a a procurar socorro em estabelecimento hospitalar.
Já nesta quinta-feira, porém, a jornalista Laurita Arruda Câmara registrou em seu blog uma transação milionária em prejuízo da prefeitura de Natal que sugere o envolvimento da prefeita Micarla de Souza e do procurador geral da prefeitura de Natal, advogado Bruno Macedo, na questão dos precatórios.
Roberto Guedes.
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