O que mais a governadora Rosalba Ciarlini precisa fazer nesta passagem de equinócio é, a partir de um exame objetivo de sua atuação no Centro Administrativo, imprimir um esforço de democratização de seu governo, sob pena de paulatinamente começar a perder o empenho que espera ser demonstrado em sua defesa pelos velhos e novos aliados.
Esta é a conclusão a que chegaram nesta sexta-feira, 30, ontem, políticos governistas com os quais a coluna tentou analisar alguns problemas de relacionamento entre Rosalba e aliados que até então estavam sendo vistos apenas topicamente por atores e observadores da cena política potiguar.
Passados quinze meses da posse de Rosalba, de modo geral os aliados reclamam contra o excesso de centralização em que investem ela e seu marido e principal conselheiro, o agropecuarista e ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado. Veteranos e novatos no rosalbismo ressaltam a honestidade e a lealdade de Rosalba ao que definem como o bem comum. Todos ressalvam que ela recebeu um Estado arrasado pelos seus antecessores imediatos, Iberê Ferreira de Souza e Wilma de Faria, disseram que tentaram ajudar e não o conseguiram, porque o núcleo central do governo é muito duro. Até recentemente, eles podiam dissimular, mas na medida em que líderes municipais passaram a emitir sinais de que os vêem como sem prestígio junto a Rosalba e Carlos Augusto, ao ponto de não obterem deles o mínimo do que pedem em nome das bases, começaram a sentir a necessidade de repensar o relacionamento que mantêm com o casal.
Foi esta situação que fabricou o protesto da não subserviência protagonizado esta semana, na Assembléia Legislativa, pelo deputado estadual Walter Alves, filho e liderado do mais leal entre os aliados de Rosalba, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), ministro da Previdência Social. E foi esta situação que levou PMDB e PR a se esquivarem do pedido para indicarem os novos titulares que Rosalba lhes pediu para as secretarias de Turismo e de Justiça, abandonadas há pouquíssimos dias por dois indicados pelas legendas que se sentiram... condenados e enterrados pelo desprestígio e pela falta do mínimo apoio institucional por parte de Rosalba.
Quando o Ministro veio a público respaldar as palavras do filho, outros situacionistas lembraram que há vários meses Garibaldi Filho vinha começando a emitir sinais de que o relacionamento entre os correligionários e a Governadora. O primeiro sinal foi seu recado de que Rosalba começava a ser apupada no interior do Estado. Sintoma da centralização, ela e Carlos Augusto nunca teriam convidado o Ministro para avaliar esta situação. Dissecada no começo, como pretendia Garibaldi Filho, com a identificação das causas da insatisfação popular e a adoção de medidas de comportamento e de rumo, talvez hoje Rosalba não amargasse a grande reprovação popular que a atinge em Natal e não fosse obrigada a sentir que até o magnetismo do poder emanado de sua casa não mais vetoriza em seu benefício, com o empenho almejado, a ação e a abertura de portas que espera de alguns aliados.
Roberto Guedes
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