sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MULHERES EM CONCENTRAÇÃO DE TIMES DE FUTEBOL. QUANDO GANHAM NINGUÉM AS ENXERGAM

Era a final da Copa do Brasil de 2001.

O cenário estava montado.

O Corinthians enfrentaria o Grêmio no Morumbi.

O primeiro jogo havia terminado empatado em 2 a 2 em Porto Alegre.

Bastaria uma vitória jogando em casa e o time de Vanderlei Luxemburgo seria campeão.

A patrocinadora Hicks & Muse comemorava antecipadamente a volta da equipe à Libertadores.

Tudo ia bem até a madrugada do domingo, dia do jogo.

Luxemburgo telefona para os quartos acordando todos seus atletas.

O treinador disse que seguranças flagraram Marcelinho Carioca com uma mulher na concentração.

O técnico e os jogadores ficaram discutindo o que fariam com a estrela do time.

A negociação durou até as três da manhã.

Foi definido que ele jogaria.

O time foi um desastre em campo.

Perdeu por 3 a 1.

A partida abriu as portas do futebol nacional para Tite.

A versão de Marcelinho Carioca foi outra.

"Às 22 horas, eu estava no saguão do hotel com o meu psicólogo, Jacob Goldemberg.

Quando subi, vi toda uma situação criada.

Havia mulheres de São José do Rio Preto na recepção.

Então, peguei no braço do segurança e disse: "Olha, você vai me levar para o quarto."

Falei para o André Luiz (ex-lateral do Corinthians) que iria ter confusão e resolvemos trancar a porta.

Foi uma bagunça geral.

De dentro do quarto, ouvíamos a andança no corredor e as portas se abrindo e fechando.

De madrugada, bateram em nossa porta.

Abrimos e mostramos ao segurança que estávamos só os dois dentro do quarto.

À uma e meia da manhã, o telefone tocou.

Era o Vanderlei convocando uma reunião que durou quase até as 3 horas da madrugada.

A coisa é muito grave e não é à toa que não jogamos nada contra o Grêmio.

O time entrou em campo com medo, não passava uma agulha em nenhum jogador.

Mas quero ver se o Vanderlei é homem para dizer o que aconteceu na reunião.

Eu não vou dizer porque não sou traíra."

Na versão de Marcelinho, o treinador havia prometido contar para a imprensa quais jogadores estava com mulheres.

Este é o caso mais clássico de mulheres em concentração de times de futebol.

O que aconteceu em Londrina, quando Luxemburgo teria pego Ronaldinho Gaúcho com uma mulher é mais comum do que se imagina.

"Eu sempre que quis, transei na concentração", repete Romário, sem o menor constrangimento.

"Assumo, mas muita gente fez e faz e ainda posa de santo", diz o agora deputado federal.

Não é por acaso que quando Luxemburgo foi responsável pela construção do hotel na concentração do Santos...

Mandou instalar câmeras em todos os corredores de acesso aos quartos.

Quando os times ou a Seleção Brasileira viajam para amistosos, o esquema é reservar um ou dois andares do hotel.

E seguranças ficam 24 horas nos corredores.

Só que isso não impede o que teria acontecido em Londrina.

Basta o jogador ir para outro andar e pronto.

Vários atletas não são tão contra a concentração como alegam.

Pelo simples motivo que hospedam suas amigas no hotel em que costumam ficar.

A estratégia é fazer com que elas se instalem antecipadamente.

E não fiquem em contato com a delegação.

Tomem café da manhã, almocem e jantem fora do hotel.

Nada de piscinas.

Há mulheres que se submetem a isso.

Os jogadores as visitam em seus quartos durante o dia, logo depois do almoço, quando tudo é menos vigiado.

Ninguém precisa passar a noite com ninguém.

Muito menos usar disfarce como manicure, por exemplo.

Esse não é um privilégio brasileiro, não.

No mundo todo jogadores e até técnicos de futebol utilizam as mesma artimanhas.

Hotéis não são repetidos por acaso.

Assim como as mesmas cidades nas pré-temporadas...

Há uma conivência, acordo de 'cavalheiros' quando o time ou seleção está bem, ganhando.

Em 1994, Romário fez muita festa nos Estados Unidos.

E ninguém questionou.

Assim como em 2002, os jogadores também se divertiram.

As histórias morreram por lá porque o Brasil foi campeão do mundo.

Assim como esse escândalo no Flamengo.

Talvez tudo tenha vindo à tona porque o time atrasou tudo o que tem direito.

Direito de imagem, luvas, três milhões e setecentos e cinquenta mil reais para Ronaldinho, o maior credor.

Por isso provavelmente, ele tenha 'errado' o andar em que estava, como acaba de declarar na Bolívia.

Mulheres em concentração não é folclore.

Elas são presenças constantes.

Mas estão presas a um fenômeno da natureza.

Só se tornam visíveis quando o time perde.

Quando ganha, é campeão, ninguém as enxerga...
Cosme Rímoli

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