Era a final da Copa do Brasil de 2001.
O cenário estava montado.
O Corinthians enfrentaria o Grêmio no Morumbi.
O primeiro jogo havia terminado empatado em 2 a 2 em Porto Alegre.
Bastaria uma vitória jogando em casa e o time de Vanderlei Luxemburgo seria campeão.
A patrocinadora Hicks & Muse comemorava antecipadamente a volta da equipe à Libertadores.
Tudo ia bem até a madrugada do domingo, dia do jogo.
Luxemburgo telefona para os quartos acordando todos seus atletas.
O treinador disse que seguranças flagraram Marcelinho Carioca com uma mulher na concentração.
O técnico e os jogadores ficaram discutindo o que fariam com a estrela do time.
A negociação durou até as três da manhã.
Foi definido que ele jogaria.
O time foi um desastre em campo.
Perdeu por 3 a 1.
A partida abriu as portas do futebol nacional para Tite.
A versão de Marcelinho Carioca foi outra.
"Às 22 horas, eu estava no saguão do hotel com o meu psicólogo, Jacob Goldemberg.
Quando subi, vi toda uma situação criada.
Havia mulheres de São José do Rio Preto na recepção.
Então, peguei no braço do segurança e disse: "Olha, você vai me levar para o quarto."
Falei para o André Luiz (ex-lateral do Corinthians) que iria ter confusão e resolvemos trancar a porta.
Foi uma bagunça geral.
De dentro do quarto, ouvíamos a andança no corredor e as portas se abrindo e fechando.
De madrugada, bateram em nossa porta.
Abrimos e mostramos ao segurança que estávamos só os dois dentro do quarto.
À uma e meia da manhã, o telefone tocou.
Era o Vanderlei convocando uma reunião que durou quase até as 3 horas da madrugada.
A coisa é muito grave e não é à toa que não jogamos nada contra o Grêmio.
O time entrou em campo com medo, não passava uma agulha em nenhum jogador.
Mas quero ver se o Vanderlei é homem para dizer o que aconteceu na reunião.
Eu não vou dizer porque não sou traíra."
Na versão de Marcelinho, o treinador havia prometido contar para a imprensa quais jogadores estava com mulheres.
Este é o caso mais clássico de mulheres em concentração de times de futebol.
O que aconteceu em Londrina, quando Luxemburgo teria pego Ronaldinho Gaúcho com uma mulher é mais comum do que se imagina.
"Eu sempre que quis, transei na concentração", repete Romário, sem o menor constrangimento.
"Assumo, mas muita gente fez e faz e ainda posa de santo", diz o agora deputado federal.
Não é por acaso que quando Luxemburgo foi responsável pela construção do hotel na concentração do Santos...
Mandou instalar câmeras em todos os corredores de acesso aos quartos.
Quando os times ou a Seleção Brasileira viajam para amistosos, o esquema é reservar um ou dois andares do hotel.
E seguranças ficam 24 horas nos corredores.
Só que isso não impede o que teria acontecido em Londrina.
Basta o jogador ir para outro andar e pronto.
Vários atletas não são tão contra a concentração como alegam.
Pelo simples motivo que hospedam suas amigas no hotel em que costumam ficar.
A estratégia é fazer com que elas se instalem antecipadamente.
E não fiquem em contato com a delegação.
Tomem café da manhã, almocem e jantem fora do hotel.
Nada de piscinas.
Há mulheres que se submetem a isso.
Os jogadores as visitam em seus quartos durante o dia, logo depois do almoço, quando tudo é menos vigiado.
Ninguém precisa passar a noite com ninguém.
Muito menos usar disfarce como manicure, por exemplo.
Esse não é um privilégio brasileiro, não.
No mundo todo jogadores e até técnicos de futebol utilizam as mesma artimanhas.
Hotéis não são repetidos por acaso.
Assim como as mesmas cidades nas pré-temporadas...
Há uma conivência, acordo de 'cavalheiros' quando o time ou seleção está bem, ganhando.
Em 1994, Romário fez muita festa nos Estados Unidos.
E ninguém questionou.
Assim como em 2002, os jogadores também se divertiram.
As histórias morreram por lá porque o Brasil foi campeão do mundo.
Assim como esse escândalo no Flamengo.
Talvez tudo tenha vindo à tona porque o time atrasou tudo o que tem direito.
Direito de imagem, luvas, três milhões e setecentos e cinquenta mil reais para Ronaldinho, o maior credor.
Por isso provavelmente, ele tenha 'errado' o andar em que estava, como acaba de declarar na Bolívia.
Mulheres em concentração não é folclore.
Elas são presenças constantes.
Mas estão presas a um fenômeno da natureza.
Só se tornam visíveis quando o time perde.
Quando ganha, é campeão, ninguém as enxerga...
Cosme Rímoli
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