Natal é uma capital pobre em festas populares nas principais datas comemorativas do país. Não temos carnaval, não temos um bom São João, nosso Natal em Natal é fraco e o Réveillon é insignificante.
Alguém pode lembrar: temos o Carnatal! Sim, temos o Carnatal. Mas este evento está fora do calendário ao qual fiz referência. E considero-o uma festa marcadamente privada, restrita a uma parcela da população. O envolvimento não é geral.
Portanto, Natal está fora do calendário de festas genuinamente populares que animam o povo e atraem turistas do Brasil e do exterior.
Perto daqui tenho visto alguns exemplos que poderiam ser observados e, quem sabe, seguidos.
João Pessoa, nossa vizinha, me chamou a atenção para dois eventos promovidos por agentes públicos no final do ano - e isso já tem sido um trabalho de alguns anos: o festival Música do Mundo e os shows gratuitos de grandes nomes da MPB na orla de Tambaú.
A prefeitura da cidade e o governo paraibano bancam espetáculos de alto nível na areia da praia, de graça, para um público cada vez maior. O festival Música do Mundo, entre o Natal e o Ano Novo, mescla artistas da terra com músicos consagrados do país em shows de jazz e consertos que enchem os olhos, educam e apuram os ouvidos de qualquer um.
No final deste ano, o festival do mundo em João Pessoa apresentou músicos como Naná Vasconcelos, Hermeto Pascoal, Renato Borguetti, Wagner Tiso, Antônio Nóbrega e Chico César.
O réveillon de João Pessoa ofereceu Rita Lee. E neste mês de janeiro já virou tradição shows populares com Monobloco, Jota Quest, Gilberto Gil e Lulu Santos. Tudo de graça na areia da praia, volto a dizer.
Resultado: João Pessoa está toamada por turistas e figurou no giro de imagens do Réveillon da Rede Globo, ao lado de Recife, Fortaleza, Aracaju e Salvador. Natal sem Natal e sem Réveillon que preste sequer foi lembrada. Não existe.
Em se tratando de festas populares em nosso Estado, Natal perde hoje para cidades do interior. Qualquer natalense sabe que carnaval bom hoje a gente encontra em Caicó, Macau e Pirangi, na nossa vizinha Parnamirim.
São João bom é o de Assu. O de Mossoró é um espetáculo! O Mossoró Cidade Junina já faz parte do calendário de festas juninas do país com direito a chamadas da Rede Globo Nordeste. E festa junina em Natal, nada. Nem os antigos arraiás chamam mais a atenção do grande público.
As comemorações do natalense são isoladas em todas as datas que citei no início deste comentário. Não há apoio decente do poder público para nenhuma delas - carnaval, São João, Natal e réveillon.
Quando muito, a prefeitura monta um palco aqui e acolá, espalha uns adereços, distribui um bico de luz - lâmpadas caríssimas, por sinal, compradas em euros - aqui e acolá, contrata e não paga artistas locais, enfim, um fiasco constante. Permanente. Tanto é que a prefeita de Natal só vive no exterior quando sua obrigação era permanecer na cidade durantes estas datas comemorativas. Se nem ela acredita nas nossas festas, como é que a população vai se envolver?
Quem pode, viaja. Quem não pode, fica aqui amargando o tédio ou improvisando com a família e os amigos.
Um bom calendário de festas e eventos populares com o incentivo dos poderes públicos - prefeitura e governo - volto a dizer, anima sua população e atrai dividendos com o turismo, movimentando o comércio e até a indústria. Sem o calendário, como é o caso de Natal hoje, perdem a cidade e seu povo. E a vida fica um pouquinho sem graça.
Diógenes Dantas
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