Desde a saída de Robinson Faria do governo, muito se fala sobre a "mossorização" da administração Rosalba Ciarlini. Após as últimas nomeações, o fenômeno ficou evidente.
Em resposta à crise instalada na semana passada, a governadora buscou soluções caseiras para evitar vácuo de poder. E se cercou de gente que conhece e confia.
Além dos espaços deixados pelo vice (Semarh, Caern, Idema e Igarn), Rosalba teve de mexer peças na Governadoria para preencher o vazio provocado por Paulo de Tarso Fernandes, ex-chefe do Gabinete Civil.
Para o lugar de Paulo remanejou Alselmo Carvalho, que cuidava da Administração; para a Semarh, remanejou outro auxiliar, Gilberto Jales que estava na Seara; a Caern foi ocupada por Yure Pinto, marido da secretária de Infraestrutura, Kátia Pinto. Todos de Mossoró. Somam-se a eles os mossoroenses já influentes Obery Rodrigues (Planejamento) e Betinho Rosado (Agricultura). Ou seja, o núcleo duro do governo é de Mossoró.
Mais do que isso. Essa turma é da estrita confiança da governadora. Boa parte, quiçá todos, participou das gestões de Rosalba em Mossoró.
A governadora buscou segurança no grupo de auxiliares que já conhece e que já testou. Náo terá a figura de um supersecretário. Ninguém lhe fará sombra dentro da equipe.
Já a sombra de fora é conhecida desde os tempos da Prefeitura de Mossoró. A influência do marido Carlos Augusto Rosado será sempre notada e assunto para polêmicas e acusações dos adversários políticos.
Como ela já me respondeu numa das Sabatina do portal Nominuto antes da campanha eleitoral passada, além de um casamento de mais 40 anos, Rosalba diz ter uma parceria vitoriosa com o ex-deputado Carlos Augusto Rosado. E afirma que não vai abrir mãos dos conselhos dele. Mas quem governa é ela, garante.
O que mais me chamou a atenção esta semana sobre o troca-troca de nomes no governo foi a declaração do novo chefe do Gabinete Civil, Anselmo Carvalho: "Agora, a governadora tem o governo por inteiro".
A "mossorização" do governo é o primeiro sinal disto. Aliás, desde a eleição de Rosalba o meio político espera o fenômeno. Achava que era para a largada da gestão, o que não ocorreu. A "mossorização" acontece agora passados dez meses do governo Rosalba.
O fundamental agora é que a equipe funcione. Se fulano é desta ou daquela cidade, não importa. É natural que o governante se cerque de auxiliares nos quais confia. O importante é que a governadora e seus auxiliares dêem respostas rápidas e convincentes aos problemas surgidos no primeiro ano da gestão. E não tem sido fácil.
A grave crise financeira tem travado o governo nos sucessivos embates com as categorias de servidores públicos. Rosalba Ciarlini tem de arrumar a casa logo. Senão será crise em cima de crise, cobrança em cima de cobrança. E não há cristão que aguente um cenário de crise permanente.
Pelo visto, a crise atual do governo avançará por 2012, um ano eleitoral. Já imaginou a aporrinhação?
Diógenes Dantas.