sábado, 15 de outubro de 2011

JOGO DURO

Quem te viu, quem te vê. Um secretário de Governo presente ao ato de sanção da lei que autoriza o empréstimo de US$ 540 milhões ao Bird (Banco Mundial) comentava baixinho ao ver o governador em exercício Robinson Faria assinar o documento, na presidência da Assembleia Legislativa:

- Veja você as voltas que o mundo dá. Foi justamente este empréstimo que selou o destino de Robinson Faria no governo!

Explica-se. Os entraves surgidos na tramitação do projeto de lei que autorizava o empréstimo apressaram a chave de roda que estava sendo urdida contra o vice-governador pelo núcleo duro do poder.

Basta lembrar: O Governo pediu aos deputados a urgência-urgentíssima, ela foi negada. Nas comissões, desde o início da análise do projeto, havia o risco de mudança no rateio para contemplar secretarias que ficaram de fora, como a Semarh (Secretaria de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos), cujo titular é Robinson.

A imprensa foi pródiga em registrar a insatisfação do vice.O novo rateio acabou aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), ratificado pela Comissão de Finanças e derrubado pela bancada governista no plenário da Casa, prevalecendo a proposta original.

A queda-de-braço entre o governo e parlamentares ligados ao vice-governador fez soar o alarme na Governadoria. Ou Rosalba Ciarlini assumia o controle da base de apoio na AL ou ficaria refém das manobras regimentais do parlamento sob a influência de Robinson Faria e de seu grupo, a exemplo do que ocorreu durante os anos de Governo Wilma.

Ao prestigiar Ricardo Motta, legitimado agora como presidente da AL de direito e de fato, Rosalba Ciarlini isolou o vice-governador.

E matou dois coelhos com uma cajadada: aniquilou a influência de Robinson na bancada do governo e cortou-lhe as asas para as eleições de 2014. A chave de roda pode ter inviabilizado o projeto majoritário do vice-governador no curto prazo.
Diógenes Dantas.

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